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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Multiverso do Terror - Paradoxo do Tempo


Ah, são vocês de novo. Ficaram interessados de repente em mundos paralelos? Querem ouvir mais uma história, não é? Ah, humanos, como são criaturas previsíveis. Pois bem. Minha paciência tem limite. Uma história e só.

A história que irei contar é sobre um casal apaixonado com um destino infeliz. O tempo, ah o tempo, é tão cruel. E foi tão cruel com esses garotos, que só queriam amor. Prestem bem atenção, como eu disse, minha paciência tem limite, e eu não irei contar essa história mais de uma vez.
1. Norman

Eu havia voltado para casa, Jenna precisava de um novo equipamento de som para a festa que ela estava planejando para o fim de semana. Na minha opinião, aquela festa iria bombar.

Enquanto eu juntava o meu próprio home theater, meu Galaxy S5 começou a tocar. Estranhei. Quem me ligava era Jenna.

- oi linda. - atendi.

- Norman, onde você está?

- em casa, pegando o home theater. Por quê?

- seu filho da mãe! Foge e me deixa aqui, seu filho de uma... - essa foi a minha resposta.

- opa! Calma Jenna. O que aconteceu? - perguntei.

- não se faz de desentendido! Volta aqui agora!

- voltar? Voltar pra onde?

- pra mansão dos Van Pines, cabeça de vento!

- o.k., estou a caminho.

Desliguei o telefone, e larguei o home theater pra lá. Peguei o carro e fui até a mansão dos Van Pines, tataravôs já mortos há anos de Jenna. Queria muito saber por que ela estava tão brava, e por que queria me encontrar lá. Talvez queria dar uns amassos sem ser na frente da galera que estava ajudando na preparação da festa. Garota complicada.

2. Jenna

- estou ficando preocupada com o Norman, Alisson. - eu reclamava.

Eu e meus amigos estávamos na minha casa, preparando tudo para a festa do fim de semana. Eu havia pedido á Norman, meu namorado, que pegasse o equipamento de som dele para nós usarmos. Ele havia ido fazia algum tempo e não voltara ainda.

- ah, qualé, Jenna, é o Norman. Ele sabe se virar. - retrucou Alisson.

Alisson era irmã mais nova de Norman.

- mas ele está demorando tanto. - eu insisti. - e é sexta-feira 13, Al.

- você e suas superstições. - riu Alisson. - a nossa casa dá pra ir a pé. Vai lá ver se ele tá bem, vai, Jenn.

- talvez seja uma boa ideia... - eu disse, afinal. Peguei minha bolsa e fui subindo á rua, na direção da casa de Norman, que ficava um pouco mais longe da mansão dos meus tataravôs, os Van Pines, onde minha família prefere não morar mais.

3. Norman

Parei o carro em frente ao portão de ferro retorcido da mansão Van Pines. Desci do carro e fiquei esperando pro um bom tempo, mas nada de Jenna.

- aaaaaah! - gritei para o nada. - ela  marca e ela  não vem! Deus, eu vou embora.

Enquanto eu abria a porta do carro, ouvi um berro esganiçado da voz de Jenna, vindo da varanda da mansão. Me virei para olhar. Era mesmo ela.

- Norman! Por favor, volta aqui! Me ajuda! - ela gritava.

- Jenna? - eu gritei de volta. - como foi que você...

- ele está voltando! - essa foi o grito que recebi como resposta. No mesmo instante que gritou isso, Jenna voltou para dentro.

Meu deus, que noite confusa, pensei.

Enquanto me preparava para escalar o portão da mansão, a voz de Jenna falou ás minhas costas:

- hey, só tem velharia aí, não vai achar nenhum equipamento de som.

Virei para trás, amedrontado. Jenna estava bem á minha frente. E era mesmo a Jenn. O vestido preto de bolinhas cinza tomara-que-caia, scarpins pretos, a trança jogada para o lado, olhos cinzentos... como ela fez isso?

- que... como... quando... onde? - eu balbuciei.

- o que foi, Norman? Parece que viu um fantasma.

O que estou vendo é muito pior, pensei.

- o que você tá fazendo aqui? - eu perguntei, afinal.

- eu estava preocupada com você, você estava demorando com o som, e eu fui subindo a rua para ir até sua casa e achei você escalando a mansão da minha família. - explicou Jenna.

- m-mas então por que você me chamou aqui? - perguntei.

- eu não te chamei aqui. - disse Jenna calmamente.

Antes que eu pudesse processar aquela informação, eu disse:

- Jenn, meu amor, tem uma menina idêntica a você gritando por ajuda dentro da mansão.

- idêntica a mim? - Jenna pareceu confusa por um momento. Mas sacudiu a cabeça e disse: - deve ser coisa da sua cabeça. Mas vamos checar.

Ajudei Jenn a pular o portão e depois pulei. Andamos silenciosos pelo jardim imenso até chegarmos á grande porta de entrada, que Jenna empurrou. Estava aberta.

- Que estranho. - eu disse. - bem, vamos entrando...

Nesse exato momento, dois corvos saíram voando de dentro da mansão, trombando em nós dois.

- que estranho. - repeti. - agora, vamos entrar.

4. Jenna

Há muitos anos a minha família não morava mais naquela mansão. Havia rumores de que a mansão era assombrada pelo fantasmas dos meus ancestrais, mas pra mim, aquela mansão tinha algo de muito pior. Eu podia sentir, aqui no fundo.

A mansão era de 1850, então dá pra imaginar a quantidade de peças clássicas do século 19 que havia lá. Era tudo muito raro, então não quisemos vender nada, e nem tocar em nada. O casarão está intocado desde que os últimos Van Pines moraram nele.

- esse lugar me dá arrepios. - eu disse.

- qualé, Jenn. Não tem nada demais aqui. - respondeu Norman, cético como sempre.

- enfim. - eu quis mudar de assunto. - onde tava a garota que você falou que parece comigo?

- lá pelo quinto andar, na varanda.

- ok. Eu fico aqui em baixo para ver se tem alguém aqui e você sobe e vê se acha ela.

- ok.

Norman havia começado a subir a escada, quando se virou e disse:

- Jenna, não tem que ter medo. Eu estou aqui. E isso é só um monte de superstições.

- Nor... - fui interrompida por um barulho arrastado. - o que foi isso?

- parece alguém empurrando...

- cuidado! desce daí! - eu o interrompi. Do alto da escada, uma mesa bem velha caía. Tirei Norman do caminho no último segundo. A mesa se espatifou no chão.

- tem alguém lá em cima... - começou Norman.

- mesmo? - eu disse, sarcástica. - fica aqui que eu vou lá em cima.

- m-mas... sozinha? - perguntou Norman.

- eu sei me cuidar, lindo. - respondi. Dei um beijo nele para Norman parar de neura.

Comecei a subir as escadas. Norman havia dito que a guria que parecia comigo estava lá pelo quinto andar, então subi até lá. Como eu já havia visitado a mansão muitas vezes, sabia qual era o quarto que dava para uma varanda.

Entrei nele com cuidado, e não havia por quê desse cuidado. Não havia ninguém ali.

Ah, meu Deus. Eu estou ficando com medo.

- Muahahahá! - disse uma voz ás minhas costas.

Virei-me rapidamente e vi algum engraçadinho imitando um fantasma, debaixo de um lençol negro.

- vá cagar! - gritei e fechei a porta na cara dele.

Não pode ter sido o Norman. Ele não me assustaria. Então... foi aquela garota parecida comigo pedindo ajuda. Mas... era uma voz masculina. Minha cabeça está girando.

- Norman... Norman... - eu estava preocupada. Abri o grande vitral da janela e fui até a varanda, quando vi Norman parado do lado de fora do portão. Desesperada, gritei: - Norman, volta aqui! Me ajuda!

Ele se virou.


- Jenna? - ele gritou de volta. - como foi que você...

- ele está voltando! - interrompi, ao ouvir barulhos de passos. Voltei para dentro.

Ah... o que faço, o que faço? Ele está subindo a escada...

Olhei ao redor. Vi uma mesa antiga. É isso! Se eu jogar aquela mesa da escada, vou atrapalhar esse idiota.

Abri a porta e, com força, empurrei a mesa escada abaixo. Escutei ela se espatifar e um berro. Ótimo. Eu e Norman estamos salvos.

Sentei-me no chão e escondi a cabeça entre as mãos. Estava tudo tão confuso...

- Jenn? - disse uma voz. Levantei a cabeça. Era Norman. - tudo bem?

- não. - respondi. - está... tudo tão confuso.

- vamos descer.

Enquanto descíamos, eu expliquei a história a Norman sobre o idiota do lençol.

- um lençol... - disse Norman olhando ao redor. ele viu um lençol negro e sua expressão se contorceu em uma ideia. - aqui tem um. Eu fiquei aqui em baixo o tempo todo, o cara ainda deve estar lá. Vou dar o troco.

Ele pôs o lençol e subiu. Ouvi o gemido que ele deu (Muahahahá!) e um berro. Estranho, um berro feminino. Mas eu juro que a voz que gritou comigo era masculina... Essa noite está cada vez mais estranha.

Então eu comecei a ficar preocupada. fazia um tempo que Norman não descia. Será que aquele idiota o pegara, ou coisa pior?

Peguei meu IPhone 4 e disquei o número de Norman. Esperei.


- oi linda. - Norman atendeu.

- Norman, onde você está?

- em casa, pegando o home theater. Por quê?

- seu filho da mãe! Foge e me deixa aqui, seu filho de uma... - não acredito que ele me deixara aqui!

- opa! Calma Jenna. O que aconteceu? - ele perguntou.

- não se faz de desentendido! Volta aqui agora!

- voltar? Voltar pra onde?

- pra mansão dos Van Pines, cabeça de vento!

- o.k., estou a caminho.

Desliguei. Que cara de pau! Me deixar aqui sozinha...

Peraí. Como foi que essa história começou mesmo? Eu pedi pra Norman buscar o home theater, fui atrás dele e encontrei ele aqui. Ele disse que eu liguei mandando ele vir até aqui, que tinha uma mina igual eu pedindo ajuda. Aí, entramos na mansão e saíram os corvos, ele iria subir e achar a menina, quando uma mesa caiu. Então, eu subi, alguém me deu um susto num lençol, eu bati a porta na cara dele, fui até a varanda e gritei pelo Norman e depois empurrei uma mesa escada abaixo. Desci, e Norman pegou um lençol preto e subiu para dar um susto em quem me deu um susto...

Ah meu Deus. Esta mansão é amaldiçoada. Estamos presos em um paradoxo do tempo.

- aí, Jenn... - Norman estava descendo as escadas. - alguém bateu a porta na minha cara...

- não foi alguém. Fui eu. - eu respondi.

- ahn?

Expliquei minha teoria.

- ah, não. - disse Norman. - temos que sair daqui agora...

- vocês não vão á lugar nenhum. - interrompeu uma voz.

Nos viramos. Então, vi uma mulher parecida comigo, não igual a mim, somente parecida. Tinha cabelos ruivos, meus olhos cinzentos, pele branca e vestia roupas do século 19.

- quem é você? - perguntei.

- sua tataravó, minha querida Jenna Clarke. - respondeu a mulher. Então, percebi que os pés dela não tocavam o chão. Ela era um fantasma. O fantasma de Elizabeth Van Pines, minha tataravó. - Clarke. - ela cuspiu o nome. - Ah, que nome tão... comum. Como eu queria um filho homem, para levar o nome Van Pines adiante. Mas não. Tive a imprestável da Laura, que se casou com um tal de Christian Clarke, e eles acabaram com os Van Pines. Mas continuando... vocês vão ficar aqui, e sofrerão as consequências de seus atos.

- que atos? - perguntou Norman. - eu nem sou dessa família!

- não os seus, garoto idiota. - replicou Elizabeth. - os dela, e da linhagem Clarke.

- o que nós fizemos á você?

- acabaram com o meu nome!

- tudo isso por um nome? Nos amaldiçoou por um nome ?

- basta! - gritou Elizabeth. - acho que sofreram o suficiente. O fim da maldição chega aqui. - ela estendeu a mão. Eu e Norman sofremos uma dor tão grande, parecia que iam arrancar meu coração do meu peito. Então, parou. Abri os olhos e me surpreendi. eu e Norman éramos corvos.

- ah, eu não lhes disse? - sorriu Elizabeth. - este é o fim da maldição. Viverem como corvos. Agora, vão!

Ela se desfez no ar.

Então, a porta se abriu. Eu vi eu e Norman, na forma humana, entrando. Eu e Norman saímos voando, mas capturando nossas palavras.


"Que estranho. Agora, vamos entrar."


Baseado na TMJ 63 - Dia das Bruxas

3 comentários:

  1. Continua, continua, continua
    Apesar de confuso ficou muito bom

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    Respostas
    1. Ficou muito confuso? lol quis simplificar, mas não deu.

      Ah, vc quer uma continuação? Vou ver o que posso fazer. Afinal, a história está aí, vou ter que inventar alguma outra coisa...

      Obrigada!

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  2. Não ficou confuso, ficou excelente. Paradoxo bem feito.

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