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quinta-feira, 23 de março de 2017

Celular #50



"Olá a quem quer que esteja lendo.

Bem, eu não sei como começar, então contarei do princípio...

Trabalho como policial há vinte anos, e tive que mudar de cidade por conta de problemas com algumas delinquentes onde eu nasci. Sempre tive um gênio muito complicado em certos casos, que me realocaram para uma parte interna e burocrática de uma cidade grande.

Ou seja, resolveram o problema deles.

Quanto a mim, só me restou obedecer. Não possuo outros meios para me sustentar, pelo menos por enquanto... Quer dizer, agora acho que não terei mais porque me preocupar com isso.

Enfim, depois de um tempo, me colocaram para rever casos antigos. 'Encontrar pontas soltas, falhas, incoerências', eles disseram. Mas todos sabíamos que era para eu parar de encher o saco.

Estava de mãos atadas, portanto obedeci. Passei meses atrás de uma mesa repassando arquivos por arquivos. Volta e meia eu encontrava um erro, algo que alguém não se preocupou. Porém fingiam que me escutavam, e eu percebi que se eu continuasse daquela forma, logo eles estariam me realocando novamente, para um lugar ainda pior.

Então parei de questionar. Quando eu encontrava irrelevâncias, eu analisava sozinho, e via o que eu podia fazer. Devo dizer que a maioria dos casos tinham anos, e as vezes não é bom mexer em feridas já cicatrizadas.

Entretanto, recentemente, encontrei uma pasta com arquivos estranhos. Uns recentes e outros com folhas já bem desgastadas.

Eu não ia ler. Era mais um entre tantos.

Mas quando vi que cada arquivo possuía um foto de um celular anexado, eu fiquei curioso. E então comecei a lê-los. Eles não estavam em ordem, a numeração estava confusa, como se alguém tivesse mexido constantemente nas fichas procurando por alguma coisa.

E conforme eu ia lendo-os, eu percebi o que essas pessoas podiam estar procurando.

Não eram só respostas. Apesar dos casos estranhos que alguns relatórios informavam, as pessoas que arquivaram isso (e agora eu também) estavam procurando por algo mais...

Um modus operandi

Qualquer que fosse o motivo pela qual as pessoas morriam, ou mesmo as formas diferentes, o indivíduo que causava isso seguia um padrão. Ele sempre envolvia os telefones móveis das suas vítimas.

Porém a grande dúvida que provavelmente esbarraram e que eu esbarrei também é por que esse...essa...,enfim, por que ele não mata algumas de suas vítimas. Em alguns dos casos, ele apenas as assustava de uma forma que causasse traumas e elas nunca vivessem novamente igual.

Alguns dos relatórios eram feitos a partir de arquivos encontrados nos celulares, outros de depoimentos da vítimas. Mas  alguns eram feitos do nada. Só como se alguém tivesse escrito eles aí, como se fosse uma história. Só que uma história verdadeira, com fotos verdadeiras e vítimas verdadeiras. Tudo era estranho, confuso, e estava começando a me assustar.

Eu estava lendo os arquivos um por um, e os registrando nesse meu celular, que é meu único bloco de notas, durante a semana. Quando acabei de registrar o último que li, e os organizar de forma crescente do 1 ao 49, ouvi passos no corredor.

Não fui olhar. Um tempo depois, ouvi uma risada. Uma risada estranha e macabra. 

Eu gelei. Sabia que era apenas questão de tempo. Então olhei para o corredor. 

Fiquei encarando um tempo até começar ouvir passos. Começaram baixinhos e foram aumentando. Podia ser qualquer um, mas algo me dizia que não era meu chefe vindo me chamar para um café.

Os passos subitamente pararam em determinado momento.

Hesitei. Fiquei segundos que pareceram durar anos parado, sem mexer um músculo. Eu queria relaxar, mas uma parte dentro de mim dizia que o perigo ainda estava lá, do lado da porta.

Eu ouvi um estrondo que me assustou levemente. Iria chover. Ouvi mais um. E depois outro. 

Mas foi só quando a luz acabou e a luz emergencial do corredor ligou que eu pude vê-lo.

Ele estava de pé, na frente da porta. Vestia o mesmo capuz vermelho de um dos casos, mas ele não era um menino. Longe disso. Era um homem. Forte, grande. Assustador.

Eu só pude ver ser sorriso na sua face. Dentes afiados como de um tubarão e brancos como marfim.

Ele apenas sorriu, virou-se para o corredor, e caminhou lentamente para a direita, saindo da minha visão.

Mas entendi o recado. Eu vou morrer. Não vai ser semana que vem, nem amanhã. Vai ser daqui a pouco, quando eu acabar de escrever isso aqui. Quando ele achar que eu terminei, ele virá atrás de mim de alguma forma. Não adianta eu correr ou me esconder. O que quer que ele seja, ele já me pegou.

Então se você está lendo esses arquivos, faça um favor, e pare agora. Talvez ele não se irrite ou não te escolha e você se livre. Tem segredos que são melhores nunca serem descobertos.

Ah, e em hipótese algum, sob nenhuma circunstância, reproduza, copie ou transcreva qualquer um desses casos. Esse é meu último conselho para você...

Então acho que é isso...

Adeus."


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Revisado por: Rogers

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