Em qualquer cidade, em qualquer país, vá a qualquer instituição mental ou casa de repouso que você puder entrar. Quando você chegar a recepção, olhe em volta cuidadosamente. Procure por qualquer funcionário que estiver almoçando. Procure por um que pareça ter terminado ou quase. Perguntar a qualquer um que não terminou de comer pode resultar em você ser comido pro almoço. Peça a esse funcionário para visitar “O Portador da Carne”. Em uma sussurro, o funcionário vai apontar para uma vaca morta, no meio da sala, que não estava lá antes. A vaca vai estar de barriga pra cima, com um buraco enorme do pescoço a virilha. O funcionário vai pedir para que você entre nela.

Enquanto você rasteja entrando no cadáver, você vai escorregar dentro de uma espécie de tubo, apertado e viscoso, os reflexos musculares da membrana viscosa o forçarão a atravessar. Tente se manter em uma posição, visto que muito movimento fará você ser ejetado do tubo muito violentamente em um bucho grande e cheio de dentes, que irá mastigar seu corpo até não ser nada além de polpa. Se você saiu no final correto, você vai cair no chão de uma catedral ornamentada com ossos, carne e órgãos. Haverão olhos de muitos tamanhos e pares que encararão você de muitos pontos. Na parte de trás, o chão arqueia um pouco para cima e para baixo, a grande costela segurando grandes pulmões e um coração enorme. Inserido na parede de trás tem um grande frasco de vidro, suspendendo um gigante, pulsante cérebro em fluidos. Seus nervos, grossos e longos pendurados como teia de aranha por toda parte, que se estendem até as paredes e ao teto muito acima.

Sem aviso, dois enormes e musculosos braços sem pele e dedos com garras vai emergir das paredes. Ambos os braços irão te agarrar mesmo se você tentar fugir ou não. Você não pode escapar de seu alcance. O cérebro não responderá a qualquer coisa que você disser ou fizer, exceto a uma pergunta. Se você não perguntar ou não conseguir perguntar, será rasgado peça por peça, forçado a ficar vivo e sentir cada momento de dor, enquanto estiver sendo remontado na catedral. Nunca completamente morto mas nunca completamente vivo, sem capacidade de gritar mesmo que você queira, você viverá como um na catedral para todo o sempre. A pergunta que você deve fazer antes de sofrer esse destino cruel é “Porque você despreza a vida?”.

Sem pausa, o cérebro abrirá seu crânio, não haverá dor. Ele irá inserir uma pitada de si em você. Você entenderá então, até o menor deles, cada mínimo detalhe do que torna a vida ela mesma. Todo o conhecimento humano, toda conquista, façanha e progresso será completamente e totalmente inútil comparado a esse. Isso tem levado muitos a loucura e você também, se não puder aguentar tudo, e você acabará compartilhando o seu destino, rasgando em pedaços seu próprio cérebro e espalhando seus pensamentos por todo o cosmos, para nunca remontar novamente. Mas você deve ficar focado e calmo, essa informação é possivelmente o mais bem guardado segredo do universo conhecido e não deve nunca ser dividido com ninguém fora um verdadeiro deus, para que não invoque a morte precoce do homem.

Se você ainda tiver determinação, o cérebro o deixara ir. Não perca tempo, o cérebro estará sempre tentado a acrescentar mais carne a seu corpo. Escape pelo mesmo caminho que você veio, deslize tudo de volta, você irá parar em um beco sem saída, seco. Você vai encontrar-se embaixo das cobertas de sua cama, deitado ao contrário, com seus pés no travesseiro. 

O pedaço de conhecimento é o objeto 79º de 538. 

"A vida é o que você torna dela, então torne-a boa."