Eu me lembro daquela noite como se fosse ontem, ou até mais cedo do que isso. Isso me dá pesadelos, para ser honesto. A coisa mais estranha é que eu não consigo lembrar se foi real ou apenas um sonho. É por isso que eu tenho medo de não saber. É estranho, nem mesmo eu consigo entender o que houve. Mas chega de minha divagação, deixe-me dizer o que aconteceu.

Esse era o meu décimo aniversário, eu estava tão animado! Tive a melhor festa de aniversário da minha vida! Foi muito divertido, mas eu pensei, será que eu ainda sou uma criança? Eu ainda vou ser tratado da mesma maneira? Eu balancei a cabeça jogando o pensamento fora, eu não queria arruinar a minha épica festa de aniversário! À medida que as horas do dia frio de inverno foram passando ficou mais e mais escuro. Logo, todos foram para casa. Mesmo que fosse uma noite de sábado, eu queria ir dormir, a festa fora tão empolgante que me deixou exausto. 

Quando eu pulei na cama para me deitar senti uma caixa debaixo do meu travesseiro, eu a peguei com entusiasmo, pensando que era um presente escondido dos meus pais. Quando toquei a tampa, ela estava molhada e... quente? 

Olhei mais de perto para ver o que era... Sangue? Comecei a surtar, o que diabos era isso? Seria uma piada de mau gosto? Quanto mais preocupado eu estava mais curioso pra saber o que havia dentro da caixa eu ficava. Abri a caixa lentamente, assim que tive coragem suficiente olhei para ver o que havia dentro, uma visão horrível. 10 dedos. Eu olhei, não conseguia pensar, não podia me mover. 

Até que o desespero me acertou, meu corpo se moveu, corri para fora meu quarto para ser recebido por um garoto que aparentava ter a minha idade, ele era muito semelhante a mim, ele ergueu as mãos e tocou-as nas minhas: “Seus dedos”, ele sussurrou. "Não, não, não!" Eu gritei. Tentei correr para baixo pelas escadas, mas tropecei em meus próprios pés de pânico, caindo escada abaixo. 

Acordei em uma cama de hospital, com balões flutuantes balançando no ar acima de mim. Eu levantei minhas mãos sobre meu rosto, todos eles estavam envoltos por ataduras grossas. Minha mãe e uma enfermeira caminharam lentamente para a sala em que eu estava e olharam para mim, viram que eu estava acordado. Minha mãe veio até mim e me beijou. "Ah, que bom que você está acordado! Deram-lhe remédios contra a dor, está se sentindo bem? "O que aconteceu?", eu disse ainda cansado. 

"Querido." Minha mãe disse. "Você caiu da escada e, de alguma forma, quebrou todos os dedos de sua mão na queda. No momento em que chegou ao hospital, eles todos estavam sangrando e quebrados, como se estivessem prestes a cair. Todos os 10 dedos. 

Foi então eu percebi o quão ruim era machucar os dedos, eles doíam, doíam muito, mesmo eu estando sedado por remédios. Eu só queria simplesmente poder cortá-los fora... 

Dali algumas semanas seria meu aniversário...