09:56, 11º Dia. Próximo à sobrevivente...

Estou sozinho? Tenho andado abaixo desse céu vermelho por horas. Vi minha família, meus amigos, minha namorada morrer. Meu coração está doendo, doendo muito e eu, eu não compreendo. Meus pais e dois de meus irmãos se mataram, minha namorada e alguns de meus amigos foram assassinados, eu tentei, tentei lutar, tentei impedi-los mas não consegui. Foi apenas um golpe do martelo daquela mulher e eu desmaiei.

Quando acordei, todos haviam sumido, o céu já estava vermelho, não sei por quantos dias fiquei desacordado, mas também não importa.

Enquanto eu vagava pelas ruas em busca de alguém pude ver, bem distante, algo que chamou minha atenção, fui em direção à aquilo. Enquanto me aproximava pude perceber o que era, eu não podia acreditar, não podia. Cheguei perto o suficiente, era uma imensa pilha de corpos, amontoados, superavam a altura do prédio ao lado que tinha cerca de 10 andares. O cheiro que emanava dos corpos me deu náuseas, aquela visão me fez querer vomitar Não aguentei ficar ali, me virei e sai correndo.

Depois de horas de caminhada sem rumo, me deparo à distância com outra imensa pilha de corpos, tão alta quanto a primeira. "Deus, o que está acontecendo aqui?". Dessa vez, firme eu decidi olhar os corpos de perto, ignorei o cheiro que se espalhava por centenas de metros e me aproximei. Mulheres, homens, crianças... bebês. Me arrependi de ter me aproximado. Todos os corpos secos, pálidos, apodrecendo lentamente. Meu estômago revirou, senti uma ânsia, mas aguentei e não vomitei. Andei em volta da imensa pilha de corpos, era tão grande e enorme que levei uns 30 minutos para dar uma volta inteira ao seu redor.

Eu não sou especialista mas, pelo o que eu vi antes de todas as comunicações serem cortadas e antes de eu perder tudo e desmaiar, as pessoas que morriam perdiam totalmente o sangue de seus corpos em 24hrs, como não vejo rastro nenhum de sangue aqui acredito que eu tenha ficado desacordado por mais de um dia.

Eu não sabia o que fazer, então resolvi me afastar e continuar procurando por mais alguém vivo além de mim. Eu caminhei, caminhei por horas, a fome e cede me acertaram, eu estava próximo à um mercado então resolvi entrar e pegar algo para beber e comer.

Entrei no supermercado que pra minha sorte estava aberto, estava tudo bagunçado, produtos jogados para todo canto, mas aparentemente não havia ninguém lá. Fui procurando o que comer quando o som de algo que caiu no chão me assustou.

- Tem alguém aí? Falei com medo.

Enquanto eu andava levemente e observante, pude ouvir passos de alguém correndo. Andei rapidamente em direção dos passos. "Ei espere, quem está aí? Por favor, espere!". Os passos pararam, tudo ficou silencioso novamente. Eu parei, segurei minha respiração e pude ouvir um fraco choro, parecia vir dos balcões de atendimento. Fui lentamente em direção à eles, olhei um por um até chegar no último...

Chorando em baixo dele estava um garotinha, vestida de rosa com uma toca protegendo suas orelhas do frio.

-Ei, garotinha, tudo bem, eu não vou lhe machucar. Calma, calma...

A garota apenas chorava e se exprimia mais ainda no cantinho do balcão.

-Não precisa ter medo, eu não vou te machucar veja, eu também estou sozinho, perdi meus pais, minha família. Por favor, você é a única pessoa que encontrei em toda esse desastre.

Depois de algum tempo tentando amenizar a dor da garotinha ela cedeu. Perguntei seu nome, de onde era, onde estavam seus pais. Ela estava muito triste, desesperada... Eu prometi a ela que a protegeria e que buscaríamos pela sua família.