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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Relatos - Parte 04 - Como Você É Por Dentro?

Eu não consigo mais dormir.

Não...Não consigo nem fechar direito os olhos. A minha situação está péssima. E pensar que ainda ontem eu estava no leito da cama de um grande hospital, achando que por estar rodeado de pessoas eu estaria seguro.

Agora eu... Eu não sei mais o que é verdade ou ilusão. Sinto que estou ficando louco.

Ontem, após eu acabar de anotar minha, até então, última experiência de horror, resolvi ficar acordado o máximo que eu podia. O que tinha lógica, uma vez que aqueles "trecos" apareciam logo após eu me sentir bem descansado. Mas, não sei se colocaram algo na minha comida, ou se algum dos remédios que tomei continha algo, e acabei dormindo. Lembro-me que antes de adormecer por completo, eu ouvi uma voz feminina que dizia:

"-Ele está pronto para a cirurgia doutor."

Tive pesadelos. Eles são indescritíveis. Sonhei que era um animal feroz, que matava meus pais e os devorava. Eu podia sentir o gosto. Eu odiava estar fazendo aquilo, era repugnante, mas mesmo assim eu continuava. Quando finalmente eu parei de devorar eles, eu comecei a me devorar, e a dor era insuportável. Mas eu não conseguia acordar, por mais que eu quisesse.

Enfim, depois de um tempo que pareceu uma eternidade, eu acordei. E desejei ficar naqueles pesadelos novamente.

Quando acordei, vi uma luz muito forte no meu rosto, quase me cegando.Tentei falar, mas senti algo na minha boca, e não consegui movê-la. Tentei erguer os braços, mas eles estavam presos. Levantei minha cabeça, e vi que estava numa cama de cirurgia. Não havia mais ninguém na sala. Meus pulsos estavam amarrados, e meus tornozelos também. Quando tentei abrir minha boca com mais força, algo puxou meus lábios. Olhei para cima e vi um espelho.

Meus lábios estavam presos um ao outro com um barbante bem grosso. Ele vinha e voltava inúmeras vezes.

Me apavorei mais ainda. Comecei a fazer alguns gemidos estranhos, tentando pedir por ajuda. Depois de um tempo, algo puxou minhas pálpebras, fazendo eu ficar com os olhos totalmente abertos. Minha cabeça também foi puxada para trás, de modo que eu me visse no reflexo do espelho.

A cabeça de uma enfermeira apareceu. Era ela que puxava minha cabeça para trás. Tentei falar algo, mas não consegui. Eu não abria a boca, e ela estava doendo já.

Então, um monte de gente entrou no quarto. A maioria eram mulheres jovens, e havia alguns homens bem velhos. Um deles se aproximou de mim. Era o médico-cirurgião. Olhei apavorado para ele quando ele disse:

"- Bem, todos prontos? Vamos começar."

Todos começaram a aplaudir e a rir, apenas o médico estava sério, e a enfermeira que me segurava também.

Então o médico banhou suas mãos numa espécie de lodo, ou lama. Aquilo tinha um cheiro horrível.

E então... Então... Ele começou a me cortar.

Sem anestesia. Sem nada. Ele apenas pegou uma faca enorme, e me cortou no meio. Era uma dor insuportável. E, com aquelas mãos fétidas, começou a mexer dentro da minha barriga. O restante do pessoal ria e conversava. Como se aquilo que estivesse acontecendo bem à frente deles simplesmente não estivesse acontecendo. Eu só pensava na dor que eu sentia, e no desprezo por aquelas pessoas. Eu não conseguia gritar. E cada vez doía mais e mais. Olhei para cima, e vi, na imagem do espelho, tudo o que aquele maldito médico estava fazendo.

Me deu vontade de vomitar. Algo agarrou meu estômago nessa hora, e meus olhos quase saltaram da minha cabeça da tamanha dor que senti. Senti e vi que meu intestino estava sendo deslocado de lugar, assim como todos os órgãos da região. 

Logo depois, o maldito começou a me costurar com uma agulha enferrujada. Aquilo doía demais. Parecia que eu iria ficar nesse martírio minha vida inteira.

Então, logo após ele terminar, ele olhou para mim, e pegou uma agulha. Por alguma razão, ele começou a vagarosamente aproximar ela do meu olho esquerdo. Quando ela tocou ele, eu gritei. Arrebentei as cordas que seguravam meus lábios e pude sentir o sangue todo na minha língua.

Foi aí que, enfim, eu desmaiei.

Quando eu acordei, estava aqui. Na minha casa. É noite lá fora de novo. Parece que sempre é. Não me pergunte se aquilo que vivi foi verdadeiro. Estou enxergando com os dois olhos, então acredito que foi uma ilusão. Mas ainda sinto aquelas dores. 

Talvez eu esteja ficando louco. Maluco. Mas, se é para viver isso todo dia, prefiro deixar de existir.

A escuridão planeja me tragar novamente.... Eu não sei quanto tempo mais poderei suportar.

E você?


3 comentários:

  1. cada conto fico mais apaixonada pelo blog
    amoooo *-* mto bom
    by Jhessy

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    Respostas
    1. Novamente obrigado por ler os contos daqui ^^
      Espero que continue acompanhando. Muita coisa esta por vir ^^
      Até mais!

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  2. cada conto fico mais apaixonada pelo blog
    amoooo *-* mto bom
    by Jhessy

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