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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Relatos - Parte 07 - Medo Da Noite

DIA II

Bem, estou gravando novamente. Eu não consegui continuar minha gravação ontem. Hoje estou mais calma. Emily está na escola, e meu marido está no trabalho. Nós discutimos essa manhã, antes dele levar Emily. Ele está estressado, assim como eu. Por mais que tentemos, não conseguimos achar alguma cura para o problema da nossa filha. Ela não traz mais amiguinhas para casa, tá sempre com a tarefa atrasada, e já tivemos que ir três vezes só esse mês na escola, porque ela tem algum ataque ou crise e assusta os coleguinhas. As vezes até bate neles.

Tudo isso começou depois daquele terrível incidente de semanas atrás. Talvez isso seja psicológico, não sei.

E essa noite ela teve mais um pesadelo. Quando nós chegamos no quarto dela, ela estava se debatendo. Parecia que estava tendo alguma convulsão. Nós já a levamos em vários médicos, mas eles sempre dizem a mesma coisa. Depois que acalmamos ela e a acordamos, ela começou a chorar e me abraçou. Ela... Ela disse que estava com medo de voltar a dormir. Que uma mulher estranha esperava por ela. Quando eu pedi como aquela mulher era, ela olhou para mim, dessa vez séria, e disse que era parecida comigo. Aí ela voltou a se deitar...

Isso está sendo demais para mim...

(Fim da gravação)


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Guilherme escutou umas três vezes a gravação naquela manhã. Havia tido sonhos estranhos naquela noite. Ele vislumbrava uma mulher, que caminhava na sua direção. Ele não conseguia enxergar ela bem, e não conseguia se mexer também. Apenas olhava, como se estivesse esperando por ela. Mas em determindado momento, aquela mulher parava num vidro invisível. Ela batia no vidro, mas não conseguia quebrá-lo. Então ela parecia gritar de desespero. Depois disso ela sumia, e dois olhos vermelhos e gigantes ficavam encarando Guilherme. Aquilo trazia um desconforto enorme para o Guilherme, e fez ele acordar diversas vezes durante a noite.

Ele ficava mais intrigado com o sonho a cada vez que ouvia a gravação naquela manhã.

Quando ele olhou o relógio, e percebeu que estava atrasado, ele afastou essas preocupações e correu para seu carro. No serviço, ele fez o que o trabalho pedia: Ficou atento a ligações de possíveis sequestradores, foi ver os pais da garota no hospital (ambos continuavam sem poder receber visitas), e visitou a casa para mais pistas.

Não achou nada de novo. Foi para fora e deu um longo suspiro. Foi quando se lembrou dos papeis que havia recolhido com o gravador no dia anterior. Então, depois do horário de almoço, foi até sua casa, pegou os papeis e anotações e voltou para a delegacia. Quando chegou lá, Ramirez, o delegado, perguntou como estava o caso:

- Ainda está bem complicado. - Guilherme respondeu. - Não consegui achar pista alguma a não ser um gravador e este monte de papeis.

- Calma detetive, eu confio na sua capacidade. Eu sei que você está um pouco sobrecarregado, mas levo fé que você dará conta disso. Bem, qualquer coisa, eu estarei por perto. Então, é só chamar ok?

- Claro, obrigado Ramirez.

Assim que ele foi embora, Guilherme suspirou pesadamente. Ele sabia que Ramirez só queria ajudar, mas essa disposição dele só o atrapalhava.

Afastou os pensamentos e a dor de cabeça que começava a ter e tentou se concetrar nas anotações e nas páginas amareladas.

Mas sua visão estava turva, e ele mal conseguia se concentrar. O estresse e a noite mal dormida não ajudava ele em nada. Leu algumas páginas, mas sem conseguir entender nada. Então, abandonou aquilo por ora, e tirou o restante do dia para descansar. Talvez Ramirez tenha percebido, mas ele sabia que nem ele seria capaz de pedir que Guilherme se esforçasse mais.

Durante a noite, Guilherme teve um sono pesado. Não sonhou durante a maioria do tempo. Mas, um pouco antes de acordar definitivamente, Guilherme teve um pequeno vislumbre do mesmo sonho do dia anterior, no momento em que aquela mulher estranha batia no vidro novamente. Porém, houve uma diferença dessa vez.

Ela conseguiu trincá-lo. 

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