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terça-feira, 29 de outubro de 2013

CAÇADORA DO MEDO SAYAKA

CAÇADORA DO MEDO - Capítulo #5 - A Nova Caçadora

[Tenha certeza de ter lido "Quão Longe Chegamos" antes de começar a ler este conto]


Abri os olhos. 

Ainda estava na pirâmide, deitada no chão, sangrando dos dois lados (costas e barriga) e em uma poça de sangue.

— Como...? — Will ficou pasmo ao me ver de olhos abertos.

O primeiro caçador parecia estar se divertindo com a reação de Will.

— Muito bem, Hallie Sanders. Provou que ser digna...


Fiz uma reverência.

— Obrigada.
— Hal, você é um fantasma ou alguma coisa assim? Como voltou dos mortos? — ele passou a mão em meu rosto, ombros e hesitou ao ver que eu ainda sangrava. Minhas roupas estavam ensopadas de sangue.

— Você manda muito bem com a espada. — dei um sorriso sarcástico e cruzei os braços, fazendo a ferida sangrar ainda mais, mas eu nem sentia dor.
— Hallie, vamos lá, o que você faria no meu lugar, se você tivesse que escolher entre morrer ou matar? — ele disse, sorrindo.

— William Sanders, como pode ser tão cínico?! — eu o empurrei, com as mãos sujas de sangue. — eu tive essa escolha, e escolhi morrer. Mas é claro que a sua vida vem em primeiro lugar, sempre, não é, William?!
— Bem, se você escolheu morrer, não tem por quê estar me dando esse sermão. Você escolheu morrer, e não matar, então só atendi o seu pedido. — ele respondeu.

Como eu senti vontade de esfaqueá-lo do mesmo jeito que ele fez comigo...

— Basta! — disse o primeiro Caçador. — já vi o suficiente. William Sanders, você não será um Caçador. Além de ser impuro, é cínico e não se importa com nada além de si mesmo. Já você, Hallie Sanders, provou ser digna ao não matar seu irmão, mas morrendo pelas mãos de quem ama, e provou ser digna voltando do Limbo.

— Espera, você foi pro Limbo e voltou? — disse Will, incrédulo.
— Cala a boca! — sibilei.

O primeiro Caçador estalou os dedos. Me senti mais forte, a ferida agora sangrava um sangue dourado, não mais vermelho.

— Trato é trato. — o Caçador afirmou.

Consegui sorrir. A ferida se fechou.

O Caçador estalou novamente os dedos. Minha roupa ensopada de vermelho e dourado foi substituída por uma calça de couro preto, All Stars preto de cano alto até o joelho, camiseta preta, jaqueta de couro estilo motoqueiro preta, luvas de couro sem dedos, uma aljava com flechas e um arco apareceram pendurados nas minhas costas. No meu cinto, havia uma espada e uma adaga, ambas de lâminas negras. No meu braço direito, uma lança do meu tamanho com uma ponta negra assim como a adaga e a espada. No meu braço esquerdo, apareceu um escudo negro. Um bolsa preta tiracolo pendia ao meu lado.

— Seu uniforme e armas de Caçadora. — disse o primeiro Caçador.
— Peraí, Caçadora?! — disse Will, incrédulo novamente. — mas eu sobrevivi! Eu sou o Caçador!

— Não é. Um Caçador deve ser puro, e um assassino não é puro. — respondeu o primeiro Caçador. Estou começando a gostar desse cara.
— Quem? Eu? — Will começou rindo de descrença, mas lentamente seu sorriso se desfez. — Oh. Hallie, eu...

— Você teve sua chance, Will. A jogou fora matando sua irmã. — atropelei as palavras que ele dizia. — Eu sou a mais nova Caçadora, e não você.
— As flechas que contém em sua aljava são de ouro e supersônicas. Não tem nenhum poder além da velocidade. A espada, a adaga e a lança são feitas de Édge, um metal letal somente em criaturas malignas. Se quiser flechas com veneno, com pontas especiais, enfim, vai ter que procurar Odin em Seattle. Ele fabrica flechas, arcos, espadas, adagas, lanças... enfim. Na bolsa, encontram-se venenos e curas. — disse o Caçador, ignorando os protestos de Will.

— Entendido. — eu disse.
— Eu lhe darei missões, onde em cada qual você matará um espírito, criatura ou entidade que espalha terror.

— E os Blindies? — eu perguntei.
— São criaturas muito perigosas, você deve ter o seu devido treinamento e experiência antes de confrontá-los.

— Quando começa meu treinamento? — perguntei.
— Começaria hoje, mas está muito escuro. Então durma e descanse, seu treinamento começa amanhã.

Foi só ouvir a palavra "durma" que minhas pálpebras começaram a pesar.

— Onde? — perguntei, tonta de sono.

O caçador estalou os dedos e uma cama árabe apareceu. Tirei o arco e a aljava das costas, desamarrei o tênis e tirei o cinto com a adaga e a espada, mas peguei a adaga e a levei para a cama comigo, algo poderia me atacar durante a noite.

— Muito bem, Hallie. — o Caçador aplaudiu. — nunca faça nada desarmada, principalmente dormir desarmada. Essa é a primeira lição.
— Entendido. — eu disse.
— Pode dormir agora. — ele disse.

Eu fechei os olhos, pensando em como seria meu treinamento no dia seguinte.

Continua...
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