Algures, alhures, nenhures. (Pt. 3)
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- Anônimo
Nenhures
Fugir da polícia. Deixar minha família. Matar aquele homem. Não me arrependo de nada disso.
Duas semanas atrás, disseram-me que minha filha, Alice, tinha morrido... Ela tinha pego uma gripe, e só. Mas logo se tornou pneumonia e o inevitável aconteceu. Isso foi o que falaram para mim quando voltei do trabalho e fui direto para o hospital vê-la. Esses desgraçados. Acham que me enganam.
Meu marido, minha mãe, meu irmão, todos eles dizendo que ela havia partido, mas minha doce Ali nunca faria isso. Deixar-me desse jeito? QUEM ELES PENSAM QUE SÃO PARA FALAR DESSA FORMA COMIGO? DESGRAÇADOS.
De qualquer forma, parti em busca dela logo que tive de aceitar os fatos e entender que sim, ela havia partido, mas não porque quis. Mas ela não estava em nenhum lugar. O que eu podia fazer? O que eu podia fazer a não ser procurá-la?
Todos esses anos eu a amei com todo o meu coração. Nunca pensei que fosse perdê-la tão cedo. O fato é que não existe vida após a morte, e não existe morte após a vida. Existe o nada. E no nada me encontro agora. Deitada no chão do banheiro, com os pulsos cortados, depois deitada em um caixão de veludo, agora deitada no nada.
Algures... Algum lugar... Era onde ela estava.
Alhures... Outro lugar... Foi pra onde ela foi.
Nenhures... Nenhum lugar... É onde todos nós estamos.
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