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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Peso na Consciência


Quando um casamento não dá certo, o melhor para o casal é se separar. É bom para os dois se afastarem quando percebem que não conseguem mais viver juntos em harmonia. É bom para as crianças também, que sempre sofrem por terem que assistir aos pais brigando.


 A maioria dos matrimônios infelizes terminam com um pedido de divórcio em um advogado qualquer. No meu caso, eu decidi acelerar as coisas. Coloquei amoníaco na comida dela e os médicos pensaram que foi morte natural. 

Nosso filho de 5 anos ficou arrasado, mas eu tive que me esforçar muito para não demonstrar minha felicidade. Eu estava livre daquela megera. Poderia continuar minha vida e criar meu filho sem ouvir os sermões irritantes dela nunca mais. E ninguém suspeitava de nada.

Minha vida seguiu tranquila. Meu filho parou de falar comigo e parecia evitar minha presença, mas eu pensava que fosse apenas por causa do trauma. Não era culpa minha. Estávamos bem melhor sem ela. Eventualmente ele seguiria em frente, porque eu já havia seguido facilmente.

Porém, de uns dias para cá eu tenho sentido uma dor nas costas excruciante. É como se houvesse literalmente um fardo invisível que eu estivesse sendo obrigado a carregar. Comecei a andar curvado. Sinto isso até quando estou dormindo na minha confortável cama de casal meio desocupada. Já fui a médicos especialistas, claro, mas ninguém sabe diagnosticar a origem do meu sofrimento.

Hoje no jantar, meu filho finalmente me olhou diretamente nos olhos. E ficou me encarando sem piscar durante toda a refeição. Perguntei para ele o que ele tanto olhava.

"Nada, papai. Só queria saber porque você fica brincando de cavalinho com a mamãe o dia inteiro." Ele respondeu calmamente com sua voz infantil doce e baixinha.

Não entendi o que ele quis dizer, mas o simples fato de ele ter mencionado a mãe como se ela ainda estivesse viva me deu um calafrio, e eu fui ao banheiro. Quando me olhei no espelho, finalmente vi. Minha esposa morta estava deitada sobre as minhas costas, pálida e com os olhos revirados, sorrindo largamente.

Baseado em uma lenda japonesa.

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