- Um caçador de demônios? - Kevin estava querendo entender o que Vagner havia falado.

Vagner havia voltado da casa da Bruxa do Leste de uma forma que preocupou Kevin. Seus olhos estavam distantes e ele mal parecia querer caminhar.

- Vagner?

Vagner finalmente olhou para Kevin e, após algumas piscadas, ele pareceu retomar o controle do corpo.

- O que houve? - Kevin disse.

- Não sei. Eu simplesmente sai da casa e vim até você. - Vagner passava as mãos nas têmporas.

- E o que o caçador de demônios tem a ver com isso?

Vagner coçou de leve a cabeça, mas logo lembrou-se:

- A Bruxa pediu que eu encontrasse um caçador de demônios que roubou algo dela... Algo muito valioso. Era um... um... anel.

- Anel? É um pouco clichê... Mas se é isso mesmo, que tipo de anel é?

- Ela disse que é um "anel com um valor muito sentimental". Mas acho que não é isso.

- Nunca é. - Disse, dando um meio sorriso. - Ela disse por onde começar a procurar?

- Na verdade ela deu a localização exata. Parece que esse cara está numa cidade que, se não me engano, se chama "Morte da Alma" - A expressão de Kevin ficou séria, mas Vagner não percebeu. - O engraçado é que nunca ouvi nem falar dessa cidade.

- É porque essa cidade não existe. - Kevin disse, repentinamente. Vagner ficou intrigado. - É uma cidade espiritual. Ela aparece somente nas luas novas, onde a escuridão toma conta do céu. Ela fica a uns 120Km à sudoeste daqui. Mas você não vai querer ir lá.

- Por que?

- Não é uma cidade normal, como eu já disse. É um lugar perfeito para caçadores de demônio. É uma cidade demoníaca.

--//--

Após quase 3 dias de quase pura caminhada, apenas parando para conseguir comida, descansar e se proteger de perigos que podiam, ou não, aparecerem. 

Eles chegaram quando a noite já estava no ápice, e a cidade estava visível. A alguns metros da cidade, eles pararam e analisaram o lugar. 

- Parece uma cidade normal para mim. - Vagner disse.

- É para parecer. Tem até alguns humanos andando por lá. Mas são apenas fantoches. Eles são dominados por alguma espécie de demônio, que os controla até não achar que eles sirvam mais...

- E depois?

- Acho que ela os vende... Ou os come. Não sei.

E eles ficaram analisando a cidade, pensando em como entrariam lá. Finalmente, Vagner começou a dizer:

- Bem, nós poderíamos criar alguma distração. Aí eu poderia entrar naquele lugar que parece um galpão. Você ainda pode fazer aqueles seus truques Kevin?

Mas Vagner não obteve resposta.

- Kevin? - E ele olhou para o lado. Não havia ninguém. Somente uma voz feminina, que pareceria sedutora em outrora, começou a falar nas suas costas.

- O que um humano tão bonito como você está fazendo aqui parado?

Vagner olhou rapidamente. Uma mulher, que parecia um anjo, estava de pé, o olhando. Ela tinha a pele quase da cor do seu vestido e de suas asas, que eram cinzas opacas. Suas asas estavam levemente rasgadas nas pontas, assim como seu vestido. Seu busto era enorme, o que destacava ela, além dos lábios carnudos pintados da única cor que destoava do resto. Vermelho-vivo.

Vagner iria dizer algo. Talvez perguntasse onde estaria seu amigo, ou quem ela era. 

Mas, sem perceber, apenas começou a ouvir o que ela começou a lhe mandar fazer, como um escravo pronto para morrer por sua dona.

Revisado por: Rogers

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