Foi então que eu percebi a mudança…

Eu estava…

Sozinha.

Sento-me com um solavanco, desorientada.

Se não fosse pela sensação de minhas pálpebras que se juntam para proteger meus olhos, eu não seria capaz de determinar se estavam  ou não abertas. O negrume pressiona de todos os ângulos, me sufocando.

Essa é a primeira vez que eu ficava presa por essa escuridão. Meus olhos estavam abertos, mas eu não conseguia ver nada.
Eu olho em volta, à procura de alguma coisa, algum objeto de há muito tempo que possa me tranquilizar. Eu preciso saber um pouco do meu velho mundo, se ele ainda permanece aqui.

Nada.
Estou sozinha...
Vejo um pequeno tom de luz à direita da minha visão, olho com avidez eu percebo que foi unicamente para encher me de esperança.  Uma falsa esperança...

- Falta pouco agora… em breve você será nossa…

Você acha que depois de todo o tempo que passei preso nessa prisão obscura eu teria me ajustado. Não, ainda é um choque para mim ser liberado das profundezas do inconsciente, apenas para ser saudado por uma planície infinita de sombras.

E ai percebo inutilmente...

Nada.

Estou sozinha.

E eles virão me buscar em breve.