Todos os dias deixávamos a janela da sala entreaberta para que minha gatinha pudesse entrar, e deitar no seu lugar preferido que era debaixo da minha cama.

A madrugada passada estava gélida e chuvosa, no céu, nada de estrelas, apenas raios e relâmpagos que se entrelaçavam no céu, como se estivessem dançando.

Acordei no meio da noite, chamei Marie e percebi que minha gatinha não tinha entrado, pois toda vez que a chamava ela me respondia com um miado, preocupada, resolvi ir atrás dela porque ela tinha muito medo de chuva.

Ao apertar o interruptor, a luz do quarto não acendeu, tentei de novo sem sucesso algum, reparei que não tinha energia e que certamente um raio teria caído em cima de algum poste perto de casa. Calcei meus chinelos e fui me aventurar a atravessar a casa toda no escuro, sendo assim, às vezes eu inevitavelmente intercalava entre tropeços e topadas do dedinho nos cantos dos moveis. Mas felizmente cheguei à janela da sala, abri um pouco mais a janela e chamei pela gata diversas vezes, porém não ouvi miado algum. Imaginei que ela tivesse encontrado um lugar seguro para ficar, ou talvez já teria entrado e estava em outra parte da casa.

Voltando da sala, escutei um espirro quando estava perto de adentrar o meu quarto, provavelmente ela havia tomado chuva, pois sempre que se molhava ela espirrava. Achava extremamente fofo seu espirro, era delicado. Então disse: Saúde, bichana.

Ao me sentar na beira da cama, pensando onde estaria minha linda gatinha, escutei vindo debaixo da minha cama uma voz horrorosa porém baixa e leve: "Obrigado".

Revisado por: Laura.