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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Melissa


  O ano era 2003. Três garotos cujos nomes eram Wyatt, Daniel e Cody escapuliram de suas casas, cerca de uma da manhã, como fariam em qualquer outra noite de sábado. Os três estavam vagando pela zona industrial de sua cidade quando se depararam com uma casa abandonada. Ela tinha cerca de dois andares e estava toda trancada, com tábuas de madeira pregadas nas janelas. Os garotos decidiram que seria divertido investigar o lugar, portanto se aproximaram. Eles encontraram uma janela atrás de um arbusto que levava ao porão e passaram por ela.

  Assim que entraram, eles começaram a se divertir, revirando as caixas deixadas pelos antigos donos e quebrando os objetos que não lhes interessavam. Wyatt abriu uma caixa na qual estava escrito "fotos de família" e encontrou uma imagem dentro.

  Era uma fotografia, desgastada pela umidade acumulada nos anos que passara fechada na caixa, mas ainda era possível ver do que se tratava. Era a foto de uma menina com cerca de 12 anos, com a mão de seu pai apoiada em um de seus ombros, e a de sua mãe no outro, acompanhada por cinco outros irmãos. Um menino e uma menina que pareciam ser mais novos do que a do centro, e mais dois garotos e uma garota que pareciam estar no início da adolescência.

  Todos estavam sorrindo, exceto pela do centro, que tinha uma expressão triste e melancólica. Era meio assustador porque ela parecia levemente deformada, com cicatrizes percorrendo seus braços e pernas, as únicas partes visíveis no vestido branco que ela usava.

  - Na moral, que menina mais feia. - Disse Cody de repente, e Wyatt se virou para ver seu longo cabelo castanho cobrindo parte de seus olhos.

  Daniel olhou por sobre um dos ombros de Wyatt e comentou:

  - Eww cara, ela é feia pra caralho.

  Wyatt virou a foto para ver uma pequena mensagem rabiscada em caneta na parte de trás que dizia, "Olha essa vadiazinha, não consegue nem sorrir com sua família."

  Ele apenas balançou a cabeça e subiu as escadas com os amigos. Os degraus rangiam a cada passo mas nenhum deles demonstrava medo. Não até quando alcançaram a cozinha e começaram a ouvir o choro de uma garotinha. Permaneceram completamente paralisados por cerca de um minuto enquanto o choro ficava um pouco mais alto a cada segundo. Então, atravessando a porta que ligava a cozinha à sala de estar, uma menina entrou, a mesma que aparecia naquela foto, e ela continuava chorando.

  Ela se virou e viu os garotos. Então deu um grito tão ensurdecedor que poderia ter estilhaçado as janelas se elas já não estivessem quebradas. Assim que ela fez isso, um fogo misterioso se alastrou e a casa voltou a ter a aparência intacta de quando era habitada, exceto pelo fato de que todas as paredes continuavam queimando e era possível ouvir um homem berrando do andar de baixo. Eles correram até a origem da voz.

  Eles olharam por um longo corredor no qual todas as portas estavam fechadas, exceto por uma no final, que estava entreaberta o suficiente para que fosse possível enxergar sombras se movendo à luz das chamas. Eles espiaram para encontrar um homem de sobretudo e calças marrons discutindo com sua esposa, uma mulher de meia-idade em um vestido azul desbotado e rasgado.

  - Foda-se você! A vadiazinha está nos fazendo passar vergonha! Não consigo nem sair pela cidade porque aquela peste fica atraindo olhares!

  - Ronnie, não! Por favor, você está bêbado! - Ela gritou.

  Então o homem foi até o guarda-roupa, jogando seu conteúdo ao redor até encontrar uma espingarda de cano duplo que mantinha guardada ali.

  - Ronnie, por favor, não a machuque - Ela implorou em uma última tentativa.

  Ele passou direto através dos garotos, que os seguiram enquanto ele escancarava a porta mais próxima da escadaria. Entraram no quarto de uma criança cheio de animais de pelúcia e desenhos infantis cobrindo as paredes.

  O homem arrancou a garota da cama enquanto ela gritava:

  - Papai!

  Em resposta, ele berrou:

  - Você está destruindo essa família, EU TE ODEIO! Você vai morrer pela dor que me faz sofrer todo maldito dia!

  Ela apenas se encolheu no canto do quarto, chorando. Então os alarmes de incêndio explodiram e as labaredas aumentaram, preenchendo toda a casa. O homem parecia confuso, assistindo ao caos. A família inteira havia acordado e estava correndo por aí, mas não conseguia escapar. Os garotos conseguiam ouvir o som da mãe chorando... Ela havia fechado todas as portas e janelas, ligado o gás e acendido um fósforo na cozinha. O homem correu de volta para o primeiro andar, aterrorizado, e era possível ouvir enquanto ele gritava com a esposa:

  - Sua vadia, olha o que você fez!

  Ela simplesmente sentou e ficou encarando-o.

  Então ele pegou novamente a espingarda e mirou na filha. Mas antes que pudesse dar o tiro, uma tábua em chamas caiu e o atingiu na cabeça. A menina estremeceu de medo, e logo todo o quarto estava dominado pelo fogo. Os garotos foram até o canto onde ela estava, mas assim que o incêndio os alcançou, eles voltaram à realidade. A casa estava novamente abandonada, e não havia nada além de ruínas cobertas de cinzas. Wyatt olhou para o teto e viu o buraco pelo qual a tábua caiu em cima do pai. Eles todos vasculharam o canto mas não encontraram nada além de sujeira.

  Até que eles olharam para a porta e viram a garotinha, mas ela apenas os encarou por um momento, balançou a cabeça e continuou andando. Quando correram atrás dela, puderam vislumbrar enquanto ela sumia em pleno ar. Os garotos fugiram daquele lugar amaldiçoado e foram para casa.

2 comentários:

  1. ............Ta pegando fogo bicho!!! Chama o bombeiro lá!!!

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  2. "... e foram para casa". Final genial, sqn huehaehua...

    Mas gostei da história como um todo.

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