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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Terror Está Ao Seu Lado [19] - Memórias


Vagner estava sentado numa pedra, embaixo de uma árvore. Seu olhar estava fixado em alguns insetos que carregavam alimentos pela mata. Quando cansou, olhou ao redor. Os pássaros estavam cantando, e o riacho perto dali fazia uma som relaxante.

O sol já estava a pino, e seus feixes de luz atravessavam a copa da enorme macieira onde Vagner descansava. Seus raios solares iluminavam seus tênis marrons, que haviam sido roubados faziam exatamente três meses, mesmo que isso nunca tenha passado pela cabeça dele. Suas calças pretas, estavam razoavelmente cuidadas, assim como sua camiseta vermelha-escura, que possuía apenas algumas pequenas manchas de barro. Já seu casaco de couro marrom, esse estava deplorável. Sujo, com um odor não muito agradável e com muitos rasgos, Vagner só o mantinha por ter se habituado com ele. E porque era uma das poucas coisas que realmente tinha um valor diferente para ele, mesmo que isso apenas significasse ele ter roubado de um babaca depois de tê-lo feito engolir os dentes. 

Ao seu lado, dentro do coldre, um revólver magnum. 500, e uma espingarda calibre 12. Ambos com munição dentro, e fora, em um compartimento, onde Vagner tinha uma bússola também. Seu estoque atual estava escasso, e isso representava perigo. Mas ele sabia que já havia passado por coisa pior.

Vagner levantou, pegou o balde com a água que havia sido aquecida durante a manhã e que agora estava apenas morna, e lavou seu rosto. Enquanto ele pegava a água com as mãos, subitamente ele parou. Olhou para seu reflexo na água. Sua barba comprida e e mal cuidada, seus cabelos estavam compridos, apesar de algumas falhas que representavam o início da calvície. Olheiras grandes. Lábios secos. Mas aquilo ainda lhe chamava atenção. Aquela pequena cicatriz, um pouco abaixo do maxilar direito. Vagner passou o dedo por ela...

Num ímpeto de ódio e desespero, ele socou o balde para longe, derramando toda a água no chão. Ele levantou, levando as mão à cabeça numa tentativa frustrada de espantar as memórias.

Fazia quanto tempo? Cinco, seis anos? Ele queria esquecer, mas sabia que isso era impossível. O dia que recebeu a caixa, quando começou tudo, sua família sendo morta depois. Todo os terrores à solta e ele tendo que enfrentar junto daquele que ele aprendeu a confiar. E saber que meses mais tarde, aquele espírito de merda era quem havia arquitetado tudo. Saber que sua filha havia morrido, mas quem voltou para falar aquelas coisas para ele, quando ele estava no quarto, era apenas um demônio pau mandado do Kevin, aquele filha da puta desgraçado.

Quando Vagner estava se tornando um caçador de demônios sem piedade, o que não demorou muito pra acontecer depois da morte da esposa, Kevin, sabendo que não teria outra chance, tentou atacar fatalmente, de surpresa, Vagner. Infelizmente, ele errou. E Vagner iria ficar sozinho depois desse episódio, sabendo que nunca mais confiaria em ninguém. 

Enquanto ele perguntava com lágrimas nos olhos os motivos de Kevin, este, tentando prolongar o tempo para Vagner ficar mais fraco por causa do sangramento, falou de seus motivos. Falou, com o sorriso e senso de humor próprios, que aquilo o fortalecia, e que aquele tipo de coisa era excitante para Kevin. Dizia que fazia aquele tipo de coisa para mostrar pros outros que ele era capaz de ser superior à qualquer um. E Kevin tinha um pensamento próprio de mostrar esse poder, que era através da manipulação. Foi Kevin que entregou a caixa para a família. 

Diante de seu melhor amigo e, agora, seu pior inimigo, Kevin achou que Vagner desabaria. Mas Vagner deixou para se lamentar depois, e do jeito que ele havia aprendido a como aniquilar espíritos, ele assim o fez com Kevin, da maneira mais lenta possível. 

Depois, antes de desmaiar, Vagner ainda conseguiu passar uma espécie de solução, que acabou salvando sua vida.

Ele lembra de acordar e querer largar tudo aquilo. Não havia mais sentido em nada. Literalmente. Mas ele não pode. Simplesmente sentiu que precisava fazer com que essas criaturas pagassem, e que nunca mais fizessem sofrer alguém como ele sofreu.

O tempo podia ter passado, mas as memórias permaneceriam  ali. Vagner sabia que sempre estariam ali.

Ele pegou suas armas do chão junto de suas coisas, limpou o círculo de proteção que fez ao redor da árvore com pedras e rabiscos, olhou em frente e retomou sua caminhada.

Ainda havia muita coisa a ser feita.


Revisado por: Rogers

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2 comentários:

  1. Mas que reviravolta mano então o Kevin era um filha da puta? Que relaxo viu!

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    1. Exato. É uma nova saga para nosso protagonista, então a outra história ficou como flashback. Bem, quase toda...
      Obrigado pelo comentário Heitor! De verdade. Até mais.

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