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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Menina que Sempre Encara


Nota: 

Oi, gente! Aqui é a Laura e eu só queria pedir desculpas por não ter postado muito ultimamente. Faz um bom tempo desde a última vez em que eu postei uma creepy avulsa como essa. É que eu estava muito atrapalhada com a faculdade, não fiz nada além de estudar nas últimas semanas, mas agora estou de férias e vou ter bastante tempo livre. Que bom que o LPSA voltou à ativa e vocês não ficam sem atualizações na minha ausência.

  Eu tenho visto ela desde que eu me lembro. Não sei o nome dela porque ela não fala comigo. Mas ela sempre me seguiu, apenas me encarando. Quando eu era pequena, não notava muito sua presença. Às vezes eu a flagrava me observando de uma janela, mas não ligava muito para isso. Acho que eu era uma criança muito inocente. Quando cresci, ela se tornou bem mais aparente.

  A primeira vez em que eu realmente a notei foi quando eu tinha seis anos, durante uma aula de balé. Eu amava rodopiar! Eu girava de um lado para o outro, até meu coração parecer prestes a saltar do peito. Ela amava me ver dançando. Às vezes ela apenas ficava em pé no fundo da sala, me encarando. Eu não prestava muita atenção até que um dia, perto do fim da aula, eu a vi chorando. Ela simplesmente estava parada ali, em prantos. Tentei descobrir o motivo, mas então eu vi o talho enorme e sangrento na lateral da cabeça dela. Eu a olhei aterrorizada, sem saber o que fazer. Eu queria ajudá-la; ela estava sangrando muito. Ninguém mais a notava! Eu comecei a chorar. Estava assustada e triste e não sabia o que fazer. Ela apenas me encarava de volta, desesperada. Eu soluçava e gritava e tentava atrair a atenção da professora de balé, mas ela não ouvia. Apenas me disse para sentar, me acalmar e esperar até que minha mãe viesse me buscar. Foi então que eu percebi, ninguém além de mim podia ver aquela menina.

  Logo, eu a via em quase todo lugar para onde ia. Ao longo dos anos, passei a conhecê-la muito bem. Sabia dizer se ela estava feliz, triste ou com raiva apenas pela expressão em seu rosto. Acho que dá para dizer que nos tornamos muito boas amigas. Fazíamos tudo juntas! Fazíamos as mesmas coisas que a maioria das outras meninas. Adorávamos ir às compras juntas, maquiar uma à outra, e brincar de desfile de moda. Ficávamos acordadas até bem tarde, apenas conversando no meu quarto. Mesmo que ela não pudesse falar, sempre tivemos uma forma especial de nos comunicar. Eu simplesmente a entendia.

  Porém, quando eu tinha dezesseis anos, tudo mudou. Ela nunca estava feliz. Todas as noites que passávamos brincando e nos divertindo juntas chegaram a um fim. Às vezes, ela apenas ficava parada no meu quarto, chorando. Eu sabia que ela precisava de ajuda, mas o que eu poderia fazer? Ninguém mais sabia que ela estava ali. Por algum motivo, eu era a única pessoa com quem ela podia contar. Eu não sabia como ajudá-la, e acho que ela começou a ficar desapontada comigo. Ela não queria mais me ver. Eu tentava falar com ela, mas ela apenas suspirava e virava as costas.

 Percebi que a coisa estava ficando feia quando eu a vi, certo dia, me encarando através de uma vitrine de loja. Ela estava tão diferente da menina que eu conhecia; eu mal a reconheci! Seu cabelo outrora perfeitamente arrumado agora estava todo emaranhado e arruinado, ela tinha olheiras sob seus olhos injetados de sangue, e parecia exausta, terrivelmente triste. Eu apenas franzi o cenho para ela em simpatia, observando-a por um bom tempo até meu irmão perguntar o que eu estava olhando. Eu dei de ombros e tentei mudar de assunto, mostrando-lhe algum item da loja. A menina não me seguiu.

  Algumas semanas depois, ela veio até mim de noite enquanto eu preparava para dormir. Ela tinha uma aparência ainda pior. Não conseguia acreditar no quão rápido ela havia mudado. Ela estava muito pálida e trêmula, e as olheiras sob seus olhos estavam quase pretas. Ela não fazia nada além de me encarar com as mãos atrás das costas. Eu retribuí seu olhar, desejando de todo coração poder dizer algo, qualquer coisa que a fizesse se sentir melhor. Então, ela me mostrou seu braço. Estava coberto de cortes e arranhões, alguns antigos e alguns ainda levemente ensanguentados. Eu sabia pelo desespero em seus olhos que aquilo era sério. Ela precisava de ajuda, urgentemente.

  Eu fui ao hospital porque não sabia o que mais fazer. Mesmo que ninguém mais a pudesse ver, talvez eles pudessem me dizer como ajudar. Não puderam fazer nada no hospital, então fui direcionada a um outro médico. Disseram que ele era muito bom, que era o melhor no que fazia. Eu tinha uma consulta marcada com ele para o dia seguinte. Após conversar comigo por um tempo, ele disse que sabia como ajudá-la. Eu e ele traçamos um plano para que eu pudesse ajudá-la também. Melhor ainda, ele finalmente me disse o nome dela:

  Meu Reflexo.

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