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domingo, 5 de outubro de 2014

Subway Song (Metrô)



Saudações. Aqui é a Misa Mei e eu gostaria de esclarecer, antes de tudo, que eu sou mais fã do The Cure que você. Hehe. Dia desses eu estava ouvindo a música "Subway Song" deles, quando a letra me inspirou e decidi escrever um conto de terror inteiramente baseado nela. Assim como "Lullaby", essa música tem um tom meio sinistro. Às vezes Robert Smith, que é o vocalista e principal compositor da banda, compunha música baseadas em seus pesadelos. Essa é uma delas.


Aqui está, para quem quiser ouvir antes ou durante a leitura, para criar uma atmosfera ainda mais assustadora:

Mais uma vez, Diana foi forçada a fazer plantão até tarde da noite no restaurante medíocre onde trabalhava como garçonete. O salário não valia tanto a pena assim e era quase uma escravidão. Mas não era como se ela tivesse escolha.

O pior daquilo não era a exaustão que sempre caía sobre ela quando o expediente finalmente acabava, e sim o medo que a dominava sempre que ela precisava embarcar no metrô local durante a noite.

Era uma fobia racional, afinal ela vivia em uma cidade grande, famosa pela sua alta taxa de violência. Ninguém fiscalizava aquela área tão tarde da noite, e o local estava aparentemente deserto. Algum bandido poderia estar se camuflando nas sombras, esperando por uma oportunidade de assaltar ou fazer coisa pior com aquela frágil e medrosa jovem mulher.

Ela apertou o passo e se sentiu um pouco mais segura enquanto descia as escadas rolantes que a levariam até a estação. Assim que entrou, ouviu o som metálico e estrondoso de um portão de grade se fechando atrás dela. Aquilo a fez estremecer, mas ela sabia que era normal.

Checou o relógio - já era meia-noite. Hora do último metrô da noite. Sorte que agora ela vivia sozinha, em seu próprio minúsculo porém confortável apartamento, em uma rua tranquila e afastada daquele local. Não havia ninguém para esperá-la. Seu celular estava descarregado, afundado na bolsa. 

Ela prendeu o cabelo cor de mogno em um coque bagunçado e suspirou cansada enquanto atravessava o corredor quase deserto do metrô. Havia apenas um senhor maltrapilho dormindo em uma das cadeiras da estação. Provavelmente um mendigo. Ela o deixaria em paz. Ela nunca havia reparado no quanto o metrô era grande e sombrio sem aquele murmurinho ao qual estava acostumada. 

Na verdade, o silêncio estava aos poucos deixando-a inquieta. Diana pegou sua leitura, um exemplar de bolso de "Carmilla" de Joseph Sheridan Le Fanu, e retomou de onde havia parado. Logo estava entretida, mas aquela agonia estranha continuava. Às vezes levantava os olhos para ver se o velho havia saído do lugar. Uma coisa idiota, ela sabia, mas se sentia mais confortável em não ser o único ser humano sozinho no subterrâneo.

Após alguns momentos intermináveis, ela finalmente ouviu o ruído distante e cavernoso de um vagão de metrô percorrendo os trilhos. Sentiu a familiar brisa quente tocar-lhe o rosto, e levantou rápido demais. Não era como se ela precisasse entrar às pressas antes que o metrô lotasse. As portas se abriram e ela entrou com um pulo.

 Lá dentro, viu o homem adormecido pela janela. Ela não quis perturba-lo, mas agora a impressão que tinha é de que o havia abandonado naquele lugar inóspito. Tentou não pensar naquilo quando sentou no pequeno assento de plástico desgastado e olhou em volta apenas para confirmar suas suspeitas: não havia absolutamente ninguém. Ótimo. Mais conforto para ela.

Mesmo nervosa como se encontrava, sem perceber Diana reclinou a cabeça e rapidamente adormeceu. Estava quase caindo, bastou relaxar um pouco para apagar. Acordou com uma voz eletrônica ecoando pelo vagão solitário, anunciando que a próxima estação era a dela. Ela levantou-se preguiçosamente, caminhou na direção da porta e só então percebeu que o mesmo velho que ela havia visto no ponto estava novamente lá, sentado em uma cadeira próxima a dela, dessa vez totalmente desperto, embora encarasse a parede com o olhar vago de quem não dorme bem há alguns anos. 

Diana se perguntou se ele havia simplesmente se materializado lá - mas logo descartou a ideia. Era a mais racional das céticas e decidiu que estava apenas distraída demais para reparar quando o homem entrou. Ela desembarcou com passos firmes e não pode deixar de reparar que o idoso não a havia seguido. Continuava viajando aparentemente sem rumo naquele trem fantasma. 

Por que ela estava se importando tanto com a vida daquele cara que nem conhecia? Provavelmente porque ele seria o único a ouvir seus gritos caso algo acontecesse com ela. Meu deus, Diana, pare de ser tão medrosa. Você faz esse trajeto todo dia, ela repreendeu a si mesma mentalmente enquanto subia as escadas até alcançar o ar gelado e fresco da superfície.

Encontrou o portão ainda destrancado - só faltava passar a noite presa naquele lugar - e atravessou a rua familiar que a levaria até sua casa. O céu noturno estava um breu total, pois era noite de lua nova, apenas com uma ou duas estrelas pontilhando discretamente a escuridão. Sua única fonte de iluminação provinha da luz amarelada e lânguida vinda dos postes que cercavam o asfalto. Perfeito cenário de um filme de terror clichê, mas aquilo era vida real e Diana sabia que o pior que poderia acontecer com ela era ser atropelada se não atravessasse bem rápido.

Não era possível que a cidade inteira já tivesse ido dormir, mas no percurso até o apartamento de Diana, também não podia ser vista viva alma. Ela percebeu como estar sempre cercada por pessoas lhe proporcionava conforto, e estar completamente sozinha lhe fazia sentir exposta. Então, começou a ouvir passos leves e ritmados até dos seus. Isso era bom, certo? Não estava mais tão sozinha...

Aquele caminhar monótono a seguindo começou a deixa-la ansiosa. Talvez fossem apenas ecos dos seus próprios passos, e sua mente, que naquele ponto já estava alerta de medo, estivesse distorcendo aquilo até fazer parecer que algum stalker estava perseguindo-a. Ficou tentar a se virar para olhar, sem nenhum motivo. Se não fosse sua imaginação, seria apenas alguma pessoa normal, talvez até algum conhecido notívago, e ela se sentiria estúpida. Em vez disso, apertou o passo. Não estava a fim de papo com quem quer que fosse.

Continuou a seguir seu caminho, embora sem muita naturalidade, principalmente quando percebeu que aquela presença desconhecida havia acelerado junto com ela. Era impossível acreditar que aquela pessoa estava simplesmente seguindo na mesma direção que ela, pois não queria deixa-la escapar. Talvez fosse um assaltante, um estuprador, isso seria bem pior do que qualquer tipo de espírito. Diana precisava se virar e encara-lo. Mas, como se pudesse sentir seu medo, quem quer que fosse deu uma risada rouca e baixinha, debochada, como se a desafiasse.

Diana se virou subitamente, com a irritação mesclada ao medo lhe provocando uma onda de adrenalina. Iria perguntar para aquele homem do que ele estava rindo. Porém, tudo o que podia ver à meia-luz era alguém que vestia um sobretudo de lã cinza e desbotado - exatamente igual ao do aparentemente sem-teto com o qual ela cruzara no metrô. Talvez fosse ele mesmo. Mas ela não achava que ele seria persistente ao ponto de segui-la até casa apenas por uma esmola.

Decidida, embora tremendo levemente, ela deu um passo a frente. O estranho imitou seu movimento novamente - mas então pareceu se aproximar com uma velocidade sobrenatural e espectral. Diana ainda tentou mentir para si mesma, pensando que o cansaço estava até lhe provocando alucinações, mas então, quando o homem estava quase alcançando-a, ela o viu evaporar diante dos seus olhos. Pelo menos era o que parecia. O trapo que ele vestia caiu sob o chão, como se nada além do ar o estivesse usando.

De olhos arregalados, Diana recuou e saiu correndo o mais rápido que conseguia, tropeçando na calçada tortuosa e quase caindo diversas vezes. Decidiu levar-se pelo medo, ele era a defesa natural do corpo humano e iria salva-la daquela criatura - ou daquele casaco - ou do que quer que fosse.

Então sentiu que algo semelhante a um tentáculo invisível a enlaçava pela cintura e a derrubava no chão. Bateu com a cabeça nas pedras portuguesas e isso lhe deixou confusa por alguns segundos. Ela não sabia o que a atacava, mas era algo bem sólido. Podia sentir as sombras se moverem e entrarem por dentro da sua roupa, ocupando cada pedaço nu de pele. Era como se a escuridão a sufocasse e a engolisse. Entrou pelo seu nariz, pela sua boca, por todos os seus poros. Ela podia sentir as mãos da noite dentro dela, dominando seu cérebro, desligando seus órgãos vitais. A última coisa que ela foi capaz de ouvir foi a mesma voz áspera lhe sussurrando, "Obrigado por se virar."



3 comentários:

  1. .... desculpa a critica mas, achei meio chato

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  2. Desculpe ser sincero também, mas achei meio chatinho gente...e_e. Mesmo assim sei que vão melhorar. Espero que continuem se esforçando por nós. ^_^

    Abraços do seu amigo

    Ice Prince

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    Respostas
    1. Tudo bem, agradeço pela crítica sincera. Até entendo pq ficou chato, tentei focar mais no mistério do que na tensão e nos sustos que geralmente deixam a história "interessante". E tentei seguir a ordem da letra da música. Seria legal se vcs pudessem explicar exatamente o porquê de não terem gostado, assim eu tento aprimorar na próxima.

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