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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sorria Sempre


  Eu me lembro de que, quando eu era pequena, precisei de tratamento para curar um medo extremo do escuro. Minha mãe e minha tia me levaram para ver uma velha senhora que morava em uma casa antiga e enorme. Fui levada até um quarto escuro cheio de velas acesas. A velha sussurrou algo em meu ouvido, então realizou algum tipo de ritual oculto e apagou todas as velas.


  Eu não consigo lembrar de como foi o procedimento exato, porém eu ainda sei exatamente como aconteceu. As memórias permaneceram trancafiadas em um canto remoto dentro da minha mente, mas recentemente eu comecei a lembrar... E eu estou aterrorizada com tudo o que recordo.

  Uma das lembranças não está muito clara, eu devia ter cerca de 4 anos de idade na época. Eu fui morar com minha tia por um tempo. Eu não sei porque meus pais me mandaram para lá, mas eles viriam me visitar de tempos em tempos.

  Um dia, eu estava sentada sozinha em meu quarto, brincando com alguns brinquedos, quando ouvi um murmúrio estranho vindo de trás de mim. Eu virei e vi algo que me deixou muito inquieta.

  Sentadas na minha cama, estava duas garotas, ambas com aproximadamente 12 anos de idade. Seus rostos eram pálidos, seus olhos estavam arregalados e suas bocas estavam retorcidas no sorriso mais perturbador que eu já vi. Não era um sorriso de alegria, mas de malícia e malevolência. Elas sorriam de orelha a orelha, exibindo seus dentes.

  Elas conversavam sussurrando entre si, apesar de que seus lábios jamais se moviam e seus dentes permaneciam firmemente cerrados. Era como se elas falassem através daqueles sorrisos assustadores.

  Então, elas viraram-se em minha direção. Elas simplesmente moveram as cabeças em minha direção e me encararam. A parte mais estranha era que seus olhos não se moviam. Elas pareciam estar olhando direto através de mim. Eu fiquei tão aterrorizada com essas aparições que parei de brincar com os carrinhos e saí correndo do quarto.

  Eu também lembro de algo que aconteceu pouco tempo depois. Eu estava sentada à mesa com a minha tia e meus primos. Subitamente, eu reparei na presença de uma mulher estranha na cozinha. Ninguém mais parecia notá-la. Ela era muito alta e seu rosto, muito pálido. Ela tinha o mesmo sorriso perturbador, sorrindo de orelha a orelha e exibindo seus dentes.

  Ela caminhou em minha direção e seu sorriso parecia ficar ainda mais largo do que antes. Então, as duas garotas sorridentes entraram na cozinha e ficaram atrás dela. Pareciam ser suas filhas. A mulher sussurrou algo para elas, então elas se arrastaram para debaixo da mesa e puxaram uma travessa com alguns pratos nela. Eu as observava como se estivesse hipnotizada, sem dar atenção à minha tia, que me chamava e perguntava o que eu estava olhando.

  A mulher puxou as cadeiras opostas à mim e suas filhas sentaram à mesa. Ela colocou um prato diante de cada uma delas. Então colocou outro para mim, dizendo, "Bom apetite!" Meus olhos baixaram lentamente para ver o conteúdo do prato... Mesmo depois de tantos anos, eu ainda consigo lembrar claramente... É uma memória que me assombra e eu a visualizo toda vez em que me deito para dormir...

  No prato diante de mim, estava parte de um rosto humano. A pele estava cozida e molenga e os olhos permaneciam nas órbitas. Decorando as bordas de todos os pratos, havia dedos decepados. Eu gritei. Gritei tão alto que minha tia agarrou minha mão e tentou me acalmar e perguntar o que estava errado. Soluçando incontrolavelmente, eu lhe contei sobre o rosto e os dedos em meu prato.

  Eu continuava tremendo quando ouvi uma das garotas sorridentes perguntar, "Posso ficar com os olhos dela, mamãe? Ela não quer." Em seguida ela se esticou e começou a puxar pedaços de carne do meu prato. Novamente, comecei a chorar. Eu tinha medo de contar à minha tia sobre a mulher e suas filhas que, aparentemente, não eram visíveis para ninguém além de mim.

  Os malditos sorrisos nunca mais me deixaram em paz. À noite, elas sentavam no chão do meu quarto e jogavam algum tipo de jogo, nunca parando de sorrir repulsivamente. Eu chorava até dormir, o mais quieta possível, torcendo para não vê-las mais.

  À medida em que os dias passavam, eu terminei contando à minha tia sobre a mulher e suas filhas. Eu lhe contei sobre os sorrisos terríveis e como eu acordava no meio da madrugada e via a mulher me olhando ao pé da minha cama. Eu disse que todas as noites, elas jantavam conosco e comiam carne humana. Eu falei até sobre como as garotas brincavam de forma estranha com sua comida e quando a mãe via, seu sorriso parecia crescer.

  Inicialmente, minha tia recusou-se a acreditar no que eu dizia. Ela resmungava, gritava e dizia que não era verdade, então eu parei de falar sobre os horrores. Mas logo, aconteceu algo que a convenceu de que eu estava sendo sincera.

  Uma noite, a mulher me puxou da cama e disse que ela queria que eu brincasse com suas filhas. Elas estavam rolando olhos pelo chão como se fossem bolas de gude. Eu gritei e tentei me libertar, mas suas unhas cravaram-se em minha pele, deixando arranhões profundos.

  Ouvindo meus gritos, minha tia correu para dentro do quarto e me viu deitada no chão, chorando e com sangue escorrendo dos cortes compridos em meus braços e pernas feitos pelas unhas afiadas da mulher.

  Ela chamou minha mãe e juntas, foram me levar à senhora idosa que cuidou de meu medo do escuro. Eu acho que ela sabia algo sobre os habitantes da casa e realizou um processo semelhante a um exorcismo. Depois daquilo, fui mandada de volta para a casa dos meus pais e nunca mais vi aquelas criaturas sorridentes e cruéis.

3 comentários:

  1. Ta mais e os contos do The Holder Séries? '-'

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    Respostas
    1. Tivemos que dar uma pausa nos mesmos por problemas internos... mas o blog não é feito somente de THS :P

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  2. Muito bom :-)
    Uma pergunta: a série Pergaminhos da Morte vai continuar ?
    Obrigado

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