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sábado, 9 de janeiro de 2016

Três meninas apareceram na emergência onde eu trabalho e eu não sei o que elas são


  Eu trabalho no mesmo hospital há anos como enfermeira na ala de emergência. Lá, eu já vi muitas coisas; todo tipo de merda aterrorizante, sangue, gore e praticamente todos os utensílios de cozinha que você possa imaginar enfiados no ânus de um cara. Eu já vi membros arrancados, entranhas vazando para fora... Passe quase dez anos trabalhando na emergência e você verá de tudo. Você se tornará uma pessoa difícil de impressionar.

  Mas na noite passada, algo aconteceu. Algumas meninas entraram, e eu nunca estive tão aterrorizada na minha vida. Eu nunca tive aquela sensação de "não tenho ideia do que está acontecendo com esse paciente" tão intensa como quando eu examinei aquelas três meninas.

  Para começar, era uma daquelas histórias bem tristes e fodidas. Um desses homens que sai por aí sequestrando crianças e as mantém como prisioneiras em seu porão ou balcão de jardinagem. Um verdadeiro pervertido. Mas essas pobres meninas foram encontradas, resgatadas e trazidas diretamente para nós.

  Meu hospital não é muito grande. Há apenas uns cinco funcionários que foram treinados para cuidar de um kit de estupro, e somente dois de nós estávamos disponíveis ontem à noite. Eu, e uma enfermeira novata chamada Lauren. Ela está conosco há apenas seis meses.

  Nós duas fomos orientadas para cuidar de salas de exame designadas para situações horríveis como aquelas, mas que ficam um pouco separadas das outras para serem mais particulares. As salas de agressão sexual são sutilmente diferentes das demais. Um pouco menos esterilizadas, um pouco mais confortáveis. Com algumas poltronas extras para policiais sentarem enquanto ouvem os depoimentos das vítimas.

  Eu esperava ver repórteres e curiosos por todo lado. Mas na hora em que as meninas foram trazidas para dentro das salas de exame, havia apenas alguns sussurros e fofocas. Aquelas pobres jovens, tiradas direto da garagem de algum pervertido. Coitadas daquelas menininhas, não conseguem nem falar. Nem temos como saber se elas são mesmo daqui. Talvez elas sejam escravas sexuais estrangeiras, sugeriu uma das enfermeiras, enquanto eu passei por ela no caminho para o primeiro exame.

  Enquanto examinava uma por uma, eu fiz as seguintes observações:

  Nenhuma delas parecia capaz de falar ou de emitir qualquer ruído. Elas se comunicam apenas por gestos simples, mas eu nem tenho certeza se alguma delas é alfabetizada.

  Todas têm os mesmos olhos. Não me refiro à cor dos olhos. Quero dizer que, quando você olha nos olhos de uma delas, você tem a impressão de que está olhando nos mesmo olhos da outra menina que viu na última sala. Eles são azuis com traços acinzentados, e eu posso jurar que todas tinham exatamente o mesmo tipo de traços.

  Todas têm o mesmo inchaço nas costas, localizado no meio das omoplatas, que é, na minha opinião profissional como médica, bizarro pra caralho. Poderia ser algum tipo de condição congênita ou marca de nascença, ou uma lesão por esforço repetitivo (por exemplo, se elas foram forçadas a equilibrar algo nos ombros ou a ficar paradas em alguma posição por longos períodos de tempo).

  Todas estão perdendo cabelo em um nível alarmante. Só de elas se deitarem para que eu pudesse realizar o exame ginecológico (falarei mais sobre isso depois), cada uma perdeu punhados inteiros de cabelo na cama. Poderia ser por malnutrição, carência de vitamina D, ou algo assim... Era o que eu achava, até que os resultados dos exames de sangue chegaram.

  Elas estão com a saúde perfeita; não foram drogadas, não estão desidratadas ou malnutridas. Mesmo tendo a palidez de mulheres que foram mantidas encarceradas por anos, nenhuma tem os correspondentes problemas de saúde e carências de vitaminas. Parece impossível para mim que qualquer uma daquelas meninas tenha sido mantida em cárcere privado por qualquer período de tempo. Elas parecem ser ainda mais saudáveis do que eu, e eu tive acesso à assistência médica e a liberdade de sair de alguma garagem fria e úmida.

  Aqui é onde as coisas ficam realmente estranhas. Elas não têm uma genitália visível. Sim, você leu certo. Sempre que eu realizava o exame ginecológico, eu encontrava a mesma coisa: nada. Nenhuma vagina, nada de lábios externos ou internos, nada. E, devo acrescentar, nenhum ânus também. Elas pareciam bonecas Barbie, embora Barbies devem ser um pouco mais detalhadas.

  Lauren e eu nos encontramos no lado de fora das salas e demos um intervalo dentro de um armário de mantimentos para sussurrar freneticamente sobre aquelas mulheres e o que nós deveríamos fazer a respeito.

 "O que elas são?" e "por que elas são assim?" e "como são os sistemas digestórios?" foram as coisas perfeitamente válidas que a jovem e inexperiente enfermeira me perguntou e que eu, a profissional experiente, deveria ser capaz de responder. Mas eu estava ainda mais perdida do que ela.

  "O que eu quero saber é a razão pela qual o pervertido estava mantendo-as presas."

  Eu não poderia evitar expressar a dúvida que vinha me perturbando. O que ele havia feito com elas? Algum tipo de experimento doentio em cirurgia cosmética? Algo como uma Centopeia Humana que nós felizmente interrompemos a tempo?

  "Deveríamos chamar alguém da gastroenterologia para vir aqui?", Lauren perguntou. "E se elas tiveram os sistemas digestórios costurados?"

  Não era possível, na verdade. Não havia marcas de cicatrizes, nenhum sinal de uma operação recente, e se elas tivessem passado mais de um ou dois dias daquela forma haveria bastante evidência em seu sangue das toxinas se acumulando.

  Nada fazia sentido. "Não", eu disse a ela. "Eu vou tentar me comunicar com elas mais uma vez antes de decidirmos tomar alguma atitude."

 Eu deixei Lauren no meio dos cobertores e toalhas, dobrados e empilhados cuidadosamente nas prateleiras, e voltei para o consultório de agressão sexual. Eu passei por pelo menos cinco policiais no caminho. Será que eles sabiam? Não podia evitar me perguntar. Eles sabiam que aquelas não eram vítimas normais?

  Eu bati timidamente na porta antes de entrar em uma das salas, e ouvi alguém parando de falar assim que dei o primeiro passo para dentro. A garota ainda estava sentada na maca - ela tinha o cabelo preto, mais longo do que eu me lembrava, e traços levemente asiáticos. Seus olhos pareciam mais azuis do que antes.

  "Meu nome é Claire", eu disse a ela. "Eu sou a enfermeira que te examinou. Você entende inglês?" Eu perguntei, e a única resposta que recebi foi um solene menear de cabeça.

  "Consegue falar?", perguntei.

  Ela não fez nenhum gesto positivo ou negativo; apenas me encarou com aqueles olhos azuis pontilhados de cinza.

  "De onde você é?", continuei perguntando, mas não recebi nenhuma reação. "Quantos anos você tem?" Novamente, nada.

  "Você tem algumas anomalias físicas. Já foi examinada por algum médico antes?", perguntei a ela. Nenhuma resposta, mas a forma como ela me olhava pareceu mudar um pouco. Percebi uma pontada de hostilidade. Raiva, talvez. Ou ressentimento.

  Não era algo muito profissional a perguntar, mas minha boca articulou as palavras antes que eu pudesse me conter:

  "Você é um ser humano?"

  A boca da garota se abriu por inteiro, quase aberta demais, e nenhum som veio dela, mas ao nosso redor havia berros, surgindo de todos os lados. Houve comoção no corredor enquanto os policiais corriam até as outras vítimas, aquelas que estavam gritando agora por nenhuma razão além da pergunta que eu havia feito à única delas que continuava silenciosa.

  Os próximos vinte minutos após aquilo ou algo assim são um borrão em minha mente, mas eu sei que eu levantei e saí do hospital imediatamente. Eu nem cheguei a pegar minha bolsa. Provavelmente estou demitida agora, mas eu não conseguiria voltar.

  Aquilo ainda não apareceu no noticiário. Não sei se um dia irá aparecer. Não sei se os policiais sabem com o que estão lidando, mas eu certamente não serei a pessoa a dizer a eles.

  Mas não consigo parar de pensar nisso. O que elas são? E se não foram elas as vítimas?

4 comentários:

  1. Vai saber que porra são àquelas... Mas não teve nem uma dica do que sejam elas também....

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  2. no começo da história pensei que pudesse ser uma creepy com as meninas super poderosas

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  3. É enfermeira, como narrado no início da história ou médica, como informado depois??

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