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segunda-feira, 21 de março de 2016

O Outro Mundo - Cães do Inferno


O pequeno Adam sentia que havia algo errado. Que algo naquele lugar não estava certo. Por mais que fosse divertido, fosse um lugar incrível, o garoto estava inquieto. 

- Sarah?

A garota estava “pulando amarelinha” no meio da rua com outras crianças. Ela para ao ouvir seu nome e olha direto para o Adam. 

- O que foi?
- Quero falar com você!

-Ah Adam, agora não. Eu tô brincando!
- É importante!

A garota o ignorou e continuou a brincar.

- Sarah! - exclamou em voz alta.
- Aaahh tá bom! - ela para no mesmo instante e caminha em sua direção.

- O que você quer! - disse em fúria.
- Venha cá.

O garoto caminhou um pouco mais distante de todas as outras crianças que estavam a brincar. 

- O que é que você quer! - a garota disse e parou de caminhar. Adam se vira;
- O que tá acontecendo aqui?

- Acontecendo o que? A gente tá brincando, ué!
- Não, eu não falo disso -

A garota o interrompeu.

- Fala do que então?
- Cadê os meus pais?

- O quê?
- Os meus pais, ondes eles estão?

- Eu não sei do que você tá falando!
- O quê? Como não assim não sabe?

- Eu não sei o que é isso, essa coisa que você disse.
- Coisa que eu disse?

- É... essa tal de...

A respiração de Adam parou, assim como seu coração e mente também ao ouvi-la dizer:

… Pais...

E a palavra pareceu ecoar em sua mente...

… Pais... … Pais... … Pais...

" - Eu não sei o que é isso, essa coisa que você disse.
          - É... essa tal de..."

"..."

Ele inspirou fortemente e todo seu peito estufou e expirou tão forte que o ar saiu todo quase que em um segundo. 

- Pais? - o garoto perguntou.
- É, essa palavra.

Ele fez uma cara pensativa. Ela sorriu. 

- O que é essa coisa? - Adam disse para a garota que caiu em gargalhada.
- hahahaha!

- Vem Adam, você está quase lá! Vem brincar com a gente!

Fogos de artifícios explodiram no céu naquele instante. Bolas de fogos coloridas seguidas do som da explosão tomavam várias formas. Inclusive um coração... 

O garoto voltou seu olhar para o rosto da menina e sorriu. 

- Estou indo!

***

- Mamãe?
- O que foi Kyle?

- Você viu o Elliot e o Adam?
- Eles estavam aqui agora a pouco filho.

- Viu pra onde foram?
- Acho que ali no ultimo quarto, ou lá embaixo filho.

O garoto se vira e vai para o quarto. 

- Adam? Elliot?

Ele entra. Há um enorme guarda roupa afastado da parede e que é a primeira coisa que lhe chama a atenção no quarto. O garoto caminha até lá e olha a parte de trás. Há um enorme buraco na parede, o garoto passa facilmente e adentra. Ele nota uma porta azul no lado esquerdo da pequena sala quadrada. Não havia nada mais ali dentro além de uma lanterna na maçaneta da porta. 

Kyle a encara com um rosto desconfiado, mas decide abri-la. Ele gira a maçaneta sem tirar a lanterna que estava pendurada. A porta de abre, a maçaneta quebra no mesmo instante e se separa da porta, ficando na mão do garoto e derrubando a lanterna no chão que, com a queda, acende. 

O garoto leva um pequeno susto e se recompõe no mesmo instante, ajuntando a lanterna do chão. Ele olha pra porta encostada e, com sua mão esquerda a empurra. A porta abre por completo e o garoto aponta a lanterna para a escuridão. Ele não pode ver muito e dá um passo para frente, segurando a porta. Ele estica o pescoço e o braço, iluminando mais além, e notou que havia uma escada mais a frente. 

Ele faz uma cara pensativa e volta, não adentrando a sala. Ele puxa a porta com velocidade e solta, fazendo-a trancar com a pancada. Olha para esquerda e fica intrigado. Quase que no mesmo instante ele olha para as demais paredes. 

Não havia nada além da porta azul em um dos quatro cantos. O local por onde Kyle havia entrado não estava mais lá. 

A porta azul se abre. 

Sem opção, com medo mas curioso e ao mesmo tempo preocupado com seus irmãos e as coisas estranhas que estavam acontecendo, o garoto entra. Não há para onde ir se não descer as escadas, e é o que o garoto faz. Em poucos instantes já estava na parte de baixo. Ele tente iluminar o local mas nada pode ser visto. Estava muito escuro e a lanterna era fraca demaistalvez sejam as pilhas – o garoto pensa. 

No mesmo instante a lanterna falha e desliga, deixando-o em completa escuridão. 

- Ah não! - ele diz assustado enquanto aperta fortemente o botão, na tentativa de que a lanterna viesse a acender, mas não acende. Ele dá meia volta e lentamente caminha, com os braços esticados, em direção a escada que acabara de descer. Ele anda e anda, e anda...

Anda mais um pouco e para.

- Droga! Será que errei o cominho?

Ele continua a caminhar. Por mais um... e começa a se desesperar... por dois minutos... e o desespero aumenta. Ele para novamente, segura firme a lanterna e dá umas pancadas. Ela acende e o revela uma criatura horrenda, sua pele retorcida e acinzentada, com algum tipo de luz brilhosa saindo dela. Ela se parecia uma criança. Um menino. Um menino que tivesse passado por um moedor de carne. 

Kyle se assusta e num pulo se vira e começa a correr. A lanterna não ilumina lugar nenhum. Ele apenas podia ver que outras criaturas apareciam ao seu caminho, tentando o agarrar. 

- Droga, o que é esse lugar?

Enquanto corre desesperado ele observa algumas das criaturas. 

Pareciam ser todas crianças. Das mais diversas idades. Meninos e meninas. A forma como o corpo de cada um estava era parecida. Como se o que tivesse acontecido a primeira criatura que viu, também tivesse acontecido com as demais. 

- O quê? 

O garoto para de correr de supetão e ignora as criaturas, olhando apenas uma que estava mais distante. A criatura tinha roupas parecidas com a que seu irmão Adam estava usando. Ele então nota que todas as criaturas estava paradas. Nenhuma delas o estava perseguindo ou tentando agarrá-lo. Elas estavam a olhá-lo enquanto olhava para aquela criatura.

Ele se aproxima da criatura lentamente e se surpreende cada vez mais a medida que se aproxima. A criatura não só tinha as mesmas roupas que seu irmão mais novo como também tinha sua altura. E dois passos a mais pôde notar que até o corte de cabelo era parecido. E notou que aquela era, de todas as outras, a menos deformada e então se desespera e cada vez se aproxima mais rápido. 

- Não! Não pode ser!

O garoto para de frente a criatura.

- Adam?

Os olhos da criatura brilham e ela solta um leve gemido.

- Irmão o que aconteceu com você?! - o garoto abraça a criatura e chora - o que houve com você irmão? O qu- ele para de falar ao sentir algo estranho. Seus braços estavam nas entranhas de seu irmão.

- Ahhhh - o garoto se joga para trás assustado e cai no chão. Ele observa a criatura que parecia ser feita de uma gelatina ou algo assim de cor cinza se regenerar. Em instante a criatura está novamente na forma original, como se nada tivesse acontecido.

- FUUUJAA! - a criatura levantou seu braço direito, se inclinou para o lado e apontou uma direção.

Todas as outras criaturas que estavam ao redor apontaram para a mesma direção. 

- Irmão? Kyle o olha desesperado e em prantos. A criatura repete.

- FUUUUJAA!

O garoto ouve mais ao além uivos e rosnar de cães, de um jeito medonho e sombrio que nunca havia ouvido. Ele associa no mesmo instante as deformações nas criaturas ao seu redor e teme. Começa a correr para a direção apontada por seu irmão e as criaturas. 

Algo fora do normal havia acontecido aqui e ele sabia que não poderia fazer nada, que o que quer que tenha acontecido com seu irmão não poderia ser resolvido por outros se não adultos, e aqueles cães... eles certamente estavam famintos. 

O garoto corre cada vez mais rápido a medida em que os latidos ficam mais alto e ferozes. Ele corre por centenas de metros e, ao observar a direção para qual as criaturas ao redor apontam, percebe que está perto ao ver que as criaturas a poucos metros a sua frente começam a apontar para cima. Ele chega a escada desesperado e a sobe correndo, tropeça e cai de joelhos, se machucando. Os cães parecem mais perto do que nunca. Ele levanta desesperado e continua a subir, ignorando a dor. Finalmente sai das escadas e corre em direção a porta azul...

Que se fecha, deixando-o em completa escuridão e desespero...

Continua...

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