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quarta-feira, 16 de março de 2016

Rosa Silenciosa


  Há muito tempo, havia uma menina chamada Rosa. Ela tinha pais amorosos e uma vida tranquila. Não possuía nenhuma preocupação no mundo. Tudo mudou no seu décimo terceiro aniversário. 

  Seus pais haviam planejado um jantar especial de aniversário para ela. Naquela noite, enquanto a família voltava de carro para casa, Rosa conversava alegremente com eles, contando-lhes seus planos para o futuro. Infelizmente, o pai estava focado no que ela dizia em vez de se concentrar na estrada.

  De repente, sua mãe gritou:

 "Cuidado!"

  O pai virou a cabeça apenas em tempo de ver os faróis de um caminhão vindo direto na direção deles. Ele tentou desviar, mas era tarde demais. Houve um guincho de freios e um estrondo ensurdecedor, então o ruído nauseante de metal se partindo preencheu os ouvidos de Rosa.

  Quando ela acordou, estava deitada em uma maca de hospital. Os médicos disseram que Rosa tinha sorte de estar viva. Seus pais haviam morrido no impacto, mas de alguma maneira ela conseguira escapar apenas com alguns cortes superficiais e hematomas.

  Embora seus ferimentos fossem melhorar com o tempo, o estrago mais duradouro era por dentro. Rosa tinha cicatrizes emocionais que nunca iriam se curar. Ela se culpava pela morte prematura de seus pais. Era ela quem estava falando. Ela distraíra seu pai. Ela era a razão pela qual eles estavam mortos.

  Assim que se recuperou o suficiente para deixar o hospital, Rosa foi enviada a um orfanato. Ela ainda estava se torturando pelo que havia acontecido e recusava-se a falar com qualquer um. Cheia de remorso, ela visitava o cemitério todo domingo e deixava rosas frescas nos túmulos de seus pais.

  No orfanato, Rosa estava sempre calada e passava o tempo inteiro sozinha. As outras crianças a achavam estranha. Eles a chamavam de "Rosa Silenciosa". Ninguém queria andar com ela e logo ela se tornou uma excluída. Alguns tinham medo dela, outros apenas a maltratavam. Eles a provocavam, empurravam, debochavam e lhe davam apelidos maldosos.

  Havia esse grupo de meninos que era particularmente ruim com ela. Eles queriam lhe ensinar uma lição por ser tão esquisita e diferente. Os meninos a seguiam por todo lugar, fazendo-a tropeçar e rindo quando ela caía. Quando ninguém estava olhando, eles a atacavam, socando e chutando-a sem parar.

 Eles se aproveitavam do fato de que ela não falava e a torturavam dia e noite, sabendo que ela sofreria em silêncio.

  Um dia, os garotos a seguiram até o cemitério e observaram enquanto ela colocava flores novas nos túmulos de seus pais. Eles pegaram as rosas e as usaram para bater nela, arranhando seu rosto e mãos até sangrar. Então, eles foram longe demais. Enfiaram as rosas pela garganta dela, sufocando-a.

  Rosa estava deitada inerte no chão. Sua pele estava mortalmente pálida e seu rosto, de um tom doentio de azul. Um dos meninos se ajoelhou e sentiu seu pulso. Ela estava morta.

  Quando os rapazes perceberam o que haviam feito, souberam que precisavam encobrir seu crime. Eles arrastaram o corpo até uma área florestada e rapidamente a enterraram em uma cova rasa.

  Eles a cobriram com galhos e folhas e imediatamente correram de volta para o orfanato, agindo como se nada estivesse errado. Ninguém sentia falta de Rosa. As crianças nem se davam ao trabalho de perguntar onde ela estava e os diretores do orfanato supunham que ela houvesse simplesmente fugido.

  A partir daí, coisas estranhas começaram a acontecer... Um por um, os meninos que mataram Rosa passaram a ter sonhos estranhos onde não viam nada além de rosas... Centenas de milhares de rosas vermelhas... E não ouviam nada além de silêncio... Silêncio estagnado e ecoante.

  Alguns dias depois, um dos garotos amanheceu morto. Havia marcas vermelho-vivas por toda a sua garganta e ele estava cercado de pétalas de rosa. No dia seguinte, outro teve o mesmo destino. Dia após dia, os meninos que assassinaram Rosa eram encontrados mortos e ninguém poderia dizer o que havia acontecido com eles.

  Certa noite, o último menino restante estava deitado em sua cama. Durante o dia, ele havia consumido muitos copos de café e incontáveis latas de coca-cola. Ele não queria dormir. Estava tentando escapar dos pesadelos.

  De repente, ele ouviu um barulho suave e quando abriu os olhos, uma garota estava em cima dele. Seu rosto estava pálido e manchado de sangue e ela segurava um punhado de rosas vermelhas.

  Ela se inclinou sobre ele, sorrindo maliciosamente. Ele queria gritar, mas quando abriu a boca, nenhum som saiu.

  Ela começou a cantar lentamente, em uma voz que soava como unhas arranhando um quadro negro.

"Um anel, um anel de rosinhas,
Um punhado de florzinhas,
Atishoo, atishoo..."

  O menino se contorcia na cama, tentando desesperamente respirar. Ele deu seu último suspiro, e então ficou imóvel.

  A garota sussurrou, "...Nós todos caímos", e desapareceu.

  Rosa estava silenciosa novamente, assim como todos que a deixaram daquela forma...

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