Perséfone
- Publicado por:
- Laura Tude
Aos que não conhecem o mito de Hades e Perséfone: "Na mitologia grega, Perséfone era a deusa da primavera, a única filha de Deméter, a deusa da agricultura. Ela era uma moça bela e alegre, querida por todos, que gostava de passar o tempo colhendo flores no campo.
Certo dia, Hades, o deus do Submundo, a encontrou e se apaixonou por ela imediatamente. Ele tentou conquistá-la, porém a jovem deusa se assustou com sua aparência sombria e quis fugir. Ele então decidiu simplesmente reivindicá-la. A sequestrou, estuprou, casou-se com ela a força e fez dela sua rainha.
Quando Deméter descobriu, ficou furiosa e foi pessoalmente ao Mundo Inferior para exigir sua filha de volta. Hades disse que ia devolvê-la, porém antes fez com que ela comesse 7 sementes de romã. Quando alguém prova a comida do Submundo, fica preso lá para sempre.
Perséfone havia se afeiçoado a Hades, mas ainda queria ficar com sua mãe, então sua única opção foi se tornar uma deusa dividida. No verão e na primavera, ela fica no Mundo dos Vivos fazendo com que as flores desabrochem. No inverno e no outono, ela reina no Mundo dos Mortos ao lado de Hades."
Elisa estava se embebedando e dançando até cair em uma balada, em pleno dia dos namorados. Isso lhe ajudava a esquecer o fato de que ela havia desistido do amor há muito tempo. Ela tentava descobrir se era possível ser feliz sozinha, mas ainda não tinha sucesso.
A música alta demais estava lhe dando vertigem, então ela sentou-se em um dos banquinhos que cercavam o pequeno bar da boate para descansar. Logo um homem que ela não conhecia se aproximou e sentou-se ao seu lado. Ele começou a puxar assunto, fazendo perguntas banais. Ele agia de forma meio estranha, parecia nervoso e ansioso, porém Elisa era simpática demais para simplesmente mandá-lo embora.
Então ele lhe ofereceu uma bebida, e Elisa aceitou sem hesitar. Ela pediu uma taça pequena de uísque e começou a bebericar, descontraída. O homem esperou até que ela se distraísse e começasse a mexer no celular. Então ele tirou um pequeno frasco do bolso, contendo um pó branco, e derramou um pouco no copo dela. A substância se dissolveu rapidamente e ficou imperceptível. Elisa tomou mais alguns goles e logo começou a ficar com muito sono.
"Você deve estar ficando bêbada." O rapaz comentou, parecendo estranhamente animado. "Eu posso te dar uma carona para casa, se você quiser."
Elisa assentiu. Sua mente enevoada a impedia de pensar no quanto aquele homem parecia mal intencionado. Deixou que ele a guiasse até o seu carro, um esportivo preto estacionado no estacionamento da boate. Quando Elisa sentou no banco de passageiro, já estava perdendo a consciência.
Quando ela acordou, não conseguia reconhecer onde estava, muito menos lembrar como chegara ali. Seja lá o que aquele cara obviamente havia colocado no drinque dela, tinha um efeito amnésico também. Ela tentou se acalmar enquanto examinava o local. Era um quarto luxuoso e bem decorado, porém sem janelas. Estava deitada em uma cama forrada com lençóis de seda cara e usava um vestido elegante, preto e tomara-que-caia, que definitivamente não era o que ela estava vestindo quando apagou. E suas mãos estavam presas a cama por algemas de metal.
Elisa gritou algumas vezes até perceber que era inútil. Ficou apenas deitada ali, encarando o teto e chorando silenciosamente até que a porta foi destrancada e alguém entrou. Ela o reconheceu e ficou assustada. Era o mesmo rapaz que havia conhecido naquele bar e que a drogara. Ele não disse nada, apenas se aproximou de onde ela estava e ficou olhando para ela, com um sorriso arrepiante no rosto. Seus olhos azuis gélidos brilhavam de forma doentia.
"Quem é você e o que quer de mim?" Elisa havia entrado no carro de um desconhecido sem ao menos perguntar o seu nome. Ela tinha culpa naquela história, mas preferia não pensar naquilo.
"Quem sou eu? Não lembra de mim, Perséfone? Sou eu, Hades." Ele suspirou. Elisa reconhecia vagamente o nome Perséfone. De suas aulas tediosas sobre aquela baboseira de mitologia grega. Mas não conseguia imaginar porque aquele louco estava a chamando de Perséfone. "Bem, em breve você lembrará. Não quero nada de você. Só estou tentando te ajudar."
"Meu nome não é Perséfone, é Elisa, e você sabe disso." Ela respondeu entredentes. "Só não me machuque, por favor."
"Eu nunca machucaria minha rainha." Ele disse, ainda sorrindo, como se ela houvesse dito algo ridículo. " A cada reencarnação você fica mais bela e mais teimosa. Você está em um longo verão, Perséfone, que durou 21 anos. Hora de voltar. Os mortos precisam de você."
Aquilo estava começando a assustá-la. O que ele queria dizer? Era algum tipo de fetiche pervertido? De qualquer jeito, ela precisava tentar convencê-lo a soltá-la. "Se você me soltar, eu não conto a ninguém..."
"Você realmente não entende. Não posso te soltar até que tudo se acabe, meu amor. E para que acabe bem, você vai ter que cooperar." Hades respondeu simplesmente, e antes que ela pudesse reagir, ele se inclinou e a beijou apaixonadamente, de uma forma que ela teria até gostado se não fosse pela situação. Ele continuou com uma trilha de beijos pelo pescoço dela, até chegar ao seu decote, então começou a tirar o vestido lentamente. Elisa se debatia desesperada, e conseguiu soltar um dos pés, de forma que pôde chutá-lo com força para longe dela.
Hades se afastou e parecia magoado. Ele mesmo arrumou o vestido de Elisa novamente. Então saiu do quarto sem dizer mais nada. A parte mais estranha de tudo é que Hades a respeitava. Não ia fazer nada que ela não quisesse. Não a maltratava.
Os dias passavam, e Hades lhe tratava da melhor forma possível, apesar de ainda mantê-la em cativeiro. Elisa recebia refeições muito boas diariamente. E sempre romãs. Ela não entendia porque Hades a obrigava a comer romãs, parecia algo simbólico, mas ela nunca lhe dirigia a palavra, muito menos para questionar.
Na verdade, ela percebeu que, se havia uma forma de convencê-lo a libertá-la, seria cooperando. Participando da fantasia dele. Em certo ponto ela parou de reclamar quando ele a chamava de Perséfone. Às vezes nem o impedia mais quando ele tentava tocá-la. Mas ela nunca conseguiu deduzir o que ele realmente queria dela, o motivo pelo qual ele a deixou presa por várias semanas.
Foi na primeira noite de lua nova em que o momento certo finalmente chegou. Hades se esgueirou para o quarto dela de madrugada, quando ele tinha certeza de que ela estaria dormindo profundamente. Ele segurava um punhal negro adornado em prata, e sabia o que tinha de fazer. Se fosse bem rápido, talvez ela nem sentisse dor. No escuro, ele deslizou a lâmina afiada pela garganta de Elisa, em um movimento suave, quase afetuoso.
Os lençóis de seda branca mancharam-se de vermelho.
Elisa esvaiu-se em sangue com um sorriso no rosto. Porque só quando sua alma saiu do corpo ela entendeu o motivo de tudo aquilo.
Hades pegou uma taça de vinho, mergulhou na poça do sangue de sua amada, e bebeu com prazer. Depois, cortou a própria garganta com o mesmo punhal.
Então, Hades e Perséfone retornaram juntos ao Submundo.
Não conhecia a história tão a fundo ... ótima pastagem. ^^
ResponderExcluirInteressante essa leitura diferente da mitologia grega. Isso me entusiasmou ^^
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirgostei
Muito bom,mesmo sendo ateu eu adoro historias do sobrenatural.
ResponderExcluirq historia <3
ResponderExcluirOwntttttt *.*
ResponderExcluirOMG *^* Adorei!! Gostaria que ouvesse um filme da história :3 Nunca gostei tanto de ler e só hoje descobri isso haha!!
ResponderExcluirEstou escrevendo meu primeiro livro baseado nesse conto! Quem sabe um dia ele será adaptado para o cinema... Que bom que gostou.
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